O pós-exílio e a
esperança do Povo
No ano de 587 a.C. o povo foi deportado para a
Babilônia sob o jugo de Nabucodonosor. Os profetas haviam previsto e alertado
os dirigentes sobre os rumos que a nação estava tomando e quão eram contra,
esses rumos, à vontade do Senhor. A palavra de ordem era Castigo!
Durante o período do cativeiro, que foi até o ano
de 539 a.C., muitos profetas surgiram também, de tal forma que mantinham,
através da Palavra, o ânimo e a união do povo sofrido, sendo neste período a
palavra mais anunciada : Consolação! O sofrimento durou em torno de 48 anos,
até que Ciro, entrando em Babilônia no ano de 539 a.C. decreta o retorno dos
povos escravizados às suas terras, logo no ano seguinte, dando-lhes liberdade
de culto.
O povo volta então à Palestina com grande
esperança e determinação. Profetas como Ageu, Zacarias e o terceiro Isaías
animam essa caminhada de retorno, anunciando a Palavra: Restauração.
Voltando, porém, o povo viu que a vida era muito
dura. Pequenos lavradores e criadores de ovelhas e cabras haviam ficado, houve
conflitos locais, entre os que ficaram e os que retornavam, e um desânimo
começou a minar a alegria e a determinação, a esperança de que finalmente havia
chegado à felicidade prometida. Um projeto de reconstrução nacional, através da
reconstrução do Templo que estava em ruínas, uniu e encaminhou esse povo
sofrido, fazendo-o superar essas adversidades e desconfianças entre si.
Desde o Pentecostes, em torno do ano 30 da nossa
era, data do nascimento da Igreja até o dia
28 de outubro de 312, o cristianismo foi uma doutrina expandida através
dos pobres, escravos, pescadores, trabalhadores braçais e pequenos artífices. Muito perseguida em
certos períodos pelos poderosos do Império Romano, teve sua solidificação entre
muito sofrimento e fé. Ora, na data supracitada do ano 312 o imperador
Constantino teve uma visão de uma cruz no céu onde leu que sob esse sinal
venceria (visão política também) os seus adversários que lutavam pelo domínio
do poder absoluto.
Acontecendo o que ele previu, tornou todo o império (quase
metade do planeta civilizado) cristão.
Os pobres acreditaram piamente que o Reino
anunciado por Jesus acabara de se concretizar. Seria o próprio paraíso aqui na
terra. Ledo engano. A exploração continuou, o sofrimento, a fadiga, a luta
incessante pela sobrevivência. Os dirigentes (agora convertidos) ocupando os
cargos públicos e recebendo mordomias nababescas, nada tinham de cristãos.
Aqui no Brasil, não muito diferentemente de outros
países latino-americanos, o povo teve uma grande esperança, quando partidos
populares ditos de esquerda, chegaram ao poder. Era a realização utópica do
Reino aqui nessa região tão sofrida. Finalmente depois de tanta luta e
sofrimento, a esperança se concretizava, e um futuro melhor se apresentava aos
nossos filhos e filhas. Ah, quanta alegria! Quanta festa! Vi meu povo nas
praças, nas ruas, nos rostos felizes de cada um, mas especialmente nos pobres,
que teriam daí por diante uma vida digna.
A Palavra que nos apresenta agora é a palavra
anunciada por Ageu e Zacarias: Reconstrução. Reconstruir o Templo da dignidade
onde mora a Esperança, que é filha da Justiça e irmã da Paz.
Assuero Gomes
Cristão católico leigo da Arquidiocese de Olinda e
Recife
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