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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A Avareza e a Generosidade, dos pecados do capital


 
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A Avareza e a Generosidade, dos pecados do capital

 

A avareza está ligada eternamente ao acumular e à ganância, embora melindre a percepção pouco acurada de algum leitor desatento, mas no âmago dessa característica, que todos nós temos em pequenas porções escondidas no viés da alma, está nosso amor narcísico.

Guardamos e retemos para nós no sentido de atrairmos a atenção do outro, a sua admiração e quiçá a sua inveja.

No caso do capitalismo, é ‘glorioso e digno de louvor’ quem mais consegue acumular e ostentar. Pessoas sacrificam, em holocausto silencioso, suas próprias vidas, dia após dia, hora após hora, de uma breve passagem neste mundo, acumulando bens, fortunas e desafetos que jamais serão aproveitados em benefício próprio. É a egolatria levada ao extremo.

Os ídolos são fabricados com o que sobra, com o acúmulo de bens produzidos por uma imensa maioria (a qual lhe falta tudo) em benefício de uma casta, de um grupo político, econômico ou religioso, ou até mesmo de uma única pessoa.

Os ídolos recebem culto de adoração por parte das próprias pessoas “escravizadas” que construíram o patrimônio, leia-se poder, do próprio ídolo, e cada vez mais escraviza essas pessoas que cada vez mais introjetam o modelo do ídolo em seus corações, suas mentes, e suas peles. Um círculo perverso e vicioso.

O problema é que no decorrer desse processo, o sacrifício exigido pelo objeto idolatrado é a própria vida dos adoradores. Um culto idolátrico é um culto à morte, em última instância.

O ídolo do nosso sistema é o próprio capital, o caminho é o lucro, os objetos de culto e as relíquias, os símbolos, são coisas tais como ferraris, mont blancs, bolsas Hermès, celebrado com um vinho Penfolds Block 42 Cabernet Sauvignon 2004, de R$ 356.000,00 a garrafa.

A ganância ainda está associada à exploração do ser humano pelo ser humano.

Pessoas como Francisco de Assis, Vicente de Paulo, Gandhi, Sidarta Gautama, Helder Camara e tantos outros são um contraponto à avareza e a ganância.

Generosidade é partilhar, é não acumular, é dar o devido valor às pessoas pelo que elas são e não pelo que elas possuem.

Francisco, rico filho de comerciante despojou-se de tudo para dar aos pobres, Vicente um padre influente da aristocracia mais refinada e opulenta da Europa, confessor da rainha, serviu aos pobres até o último dia de sua vida, Gandhi um brilhante advogado com formação britânica, incorporou-se de tal forma à vida dos pobres de sua gente, que vivia praticamente sem nada também servindo aos pobres, Sidarta um príncipe riquíssimo do Nepal que descobriu seu caminho enxergando por detrás das falsas aparências das coisas e relativizando toda riqueza e poder, construiu um caminho iluminado para bilhões de pessoas, Helder Camara não precisa falar.

 

Assuero Gomes


Médico e escritor

 

 

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