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segunda-feira, 1 de maio de 2017

Jesus e as forças do Mal


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Jesus e as forças do Mal                                                                                                           


Tempos tenebrosos esses que estamos vivendo. Parece que as forças do Mal estão atuando em todos os lugares. Força a gente não vê, apenas percebe, pelos seus efeitos que aparecem nas coisas, nas pessoas, nas instituições e nas nações. Longe do maniqueísmo fácil, mas há forças boas e as más, as quais chamamos biofílicas e necrofílicas, nesta ordem.

Jesus conhecia bem essas forças. Sendo Deus e verdadeiro homem, mas esvaziando-se totalmente da sua condição divina, Ele experimentou em si a ação dessas forças. As tentações do deserto são na verdade o aprofundamento, como uma análise, das forças maléficas que tentavam o induzir para uma postura de poder e domínio sobre as pessoas e nações, sobre toda a matéria, sobre todas as consciências, como um poder supremo que subjugasse a tudo e a todos.  A tentação do poder para a autoglorificação. Essa é a atuação de uma força necrofílica que leva invariavelmente à idolatria e à morte. É evidente que Jesus a partir do conhecimento, da oração e da prática da caridade (Amor) superou com grande sacrifício essa ‘tentação’ tão peculiar a todos os humanos.

Outro tipo de força é a biofílica, aquela que leva ao cuidado com a Vida. A vida em todos os níveis, biológico, psicológico e espiritual. Essa força gera poder também, porém um poder que conduz à elevação do outro, à estruturação do coletivo, à transformação de uma realidade de morte em experiência de Vida.

No tempo de Jesus as forças do Mal geraram exploração dos pobres, uma casta de políticos e religiosos que viviam nababescamente, uma hierarquização de poder e prestígio como se fossem deuses os detentores delas. O grande confronto de Jesus, o grande exorcismo que Ele realizou e ainda realiza é contra o poder do Mal, que está na natureza humana assim como o Bem está. O joio e o trigo juntos no mesmo terreno. O que vemos hoje é a exacerbação dessas forças malignas visíveis através da corrupção, da violência, da idolatria ao dinheiro e à luxúria.

Engana-se quem pensa que Jesus veio trazer uma nova religião ou uma série de preceitos e rituais e orações mágicas que garantissem uma entrada no céu. Ele veio mostrar que a partir de uma conscientização à vontade do Pai a força vital, que vive em cada um de nós, pode se manifestar e vencer as forças negativas, e transformar a cada um em uma manifestação do Espírito dele que atua na promoção da Vida, mudando as pessoas e as estruturas, para que a sociedade (Reino) querida pelo Pai finalmente seja uma realidade perene.

O Mal gera dor, sofrimento e morte. É muito mais complexo que aquelas manifestações artísticas medievais onde aparece com chifres, vermelho e rabo pontiagudo, envolto em fogo e enxofre. O Mal muitas vezes se apresenta belo, sedutor, desejável, capaz de despertar emoções intensas e profundas. Cheira a perfumes raros, a carros importados, a contas no paraíso, mas paraísos fiscais... Pode seduzir uma nação inteira, mas o preço que ele cobra ao final é a morte. Morte insidiosa através de salários parcos e atrasados, de medicamentos que faltam, de aposentadorias tardias e inatingíveis, de balas, de drogas, de apatia mergulhada na ignorância crônica.

Jesus venceu a morte. Resta saber a opção que fazemos como pessoas e como nação, cultivar e perpetuar essas nuvens tenebrosas ou limpar o horizonte para que nos venha a claridade de um novo dia.

Assuero Gomes
Cristão, católico, leigo da Arquidiocese de Olinda e Recife


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