O Eldorado de Macunaíma, ou o lugar onde ele descobriu sua derradeira vocação...
Nosso herói foi andando até uma cidadezinha perto de São Paulo, onde seu irmão Jiguê o encaminhou, orientando como encontrar seu talismã, que lhe fora dado por Ci, o grande amor da vida dele.
Chegando na cidade ele procurou uma paróquia da periferia, já que não havia circo, nem manicômio, apenas uma cadeia que vivia sempre cheia de vagabundos e de trabalhadores que faziam greve.
Nessa época o cacete comia frouxo, e o delegado nem gostava de trabalhador nem de vadio nem de maconheiro nem de padre. Eram tempos duros e a polícia mandava e desmandava.
A situação foi logo avisada a Macunaíma pelas beatas da paróquia que lhe arranjaram um quartinho com uma cama Patente, uma toalha limpa e um sabonete. Três dias sem tomar banho das sua longa caminhada.
- Macunaíma, você trabalha em quê?
- Sou detetive. Estou procurando uma joia que me roubaram, sem ela não tenho sorte.
- Enquanto você não acha, procure ali na funilaria que arranjam um trabalho para você...
- Estou doente, disse ele. Preciso de uma rede e de uma canja de galinha.
Assim as senhoras pobres daquele lugar lhe arranjaram tudo.
E arranjaram também uma grande dor de cabeça para ele...
Macunaíma contando as bravatas de matador de cobra a grande caçador, domesticador de onça e líder de seu povo no alto Xingu (jamais havia posto os pés lá), as velhinhas ficaram encantadas com a narrativa do nosso herói e disseram que ali havia uma grande siderúrgica cujo dono era um mostro chamado Piaimã e que ele trazia no pescoço uma oia parecida com o amuleto descrito por Macunaíma.
O caldo estava ficando quente para o indolente guerreiro do povo...
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