“ Sonhos,
sonhos são”
Os sonhos e as cirandas são para
ser vividos e celebrados. Os `sonhos sonhos são´, e serão tanto mais belos
quanto mais altos e mais profundos, até tocarem o chão por onde caminham os pés
desnudos e calejados.
Os sonhos existem para serem
sonhados e dançados como as cirandas, sem donos, sem orquestras nem maestros,
de mãos dadas, à beira-mar, ao som do vento e do balbucio dos coqueiros, no
ritmo das ondas. Serão findos, mas infinitos enquanto mudam a realidade de dor
e sofrimento; enquanto são ternura e acalanto, e terão existido mostrando que
uma realidade mais próxima de Deus é possível.
As cirandas são efêmeras como os
desenhos que fazemos na areia da praia, mas a felicidade que proporcionam é
eterna no coração de quem as ouvem e as dançam; assim a comida. Sacia no
momento. Teremos fome mais tarde, mas a plenitude da saciedade é graça, é dom,
é infinita. Deixa saudade, deixa memória, deixa presença.
Talvez seja este o último número
deste jornal. Talvez não. Sinalizamos que é possível se fazer presente no
presente do pobre faminto. Sinalizamos que é possível tornar concreto o
Evangelho e a Eucaristia. Mostramos também como é frágil e limitada nossa fé.
Somente por muito amor, muito amor, os pobres nos permitiram oferecer
estes alimentos nestes quatro anos, e somente por sua misericórdia, sua
profunda misericórdia, nos perdoarão por não podermos mais continuar.
Fev.2008 quando da despedida do restaurante do Dom da Partilha
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