Visitantes

domingo, 2 de setembro de 2012

Dom Helder, o centenário e os trabalhadores de última hora... Dom Helder, die Hundertjahrfeier und Arbeiter last minute...Dom Helder, the centenary and workers last minuteDom Helder, the centenary and workers last minute


 
from Youtube
 
 
 
Dom Helder, o centenário e os trabalhadores de última hora
Dom Helder, die Hundertjahrfeier und Arbeiter last minute
                                                           Dom Helder, the centenary and workers last minute

Com a aproximação do centenário de nascimento de Dom Helder Camara em fevereiro próximo e o afã de seus admiradores e outros ligados à estrutura da Igreja em prestar-lhe uma justa homenagem, me vêm à mente duas coisas: a primeira é a parábola dos trabalhadores de última hora e a segunda é um pensamento de Padre Arnaldo Cabral.

Na parábola identificamos o pai de família que vai buscar trabalhadores para sua vinha na praça da cidade. Contrata-os por uma diária estipulada para a época (1 denário) e à medida que o dia vai passando ele retorna à praça e vai chamando os desempregados e a todos dá o mesmo pagamento, mesmo com diferenças gritantes  de horários de trabalho.

Em analogia vejo o IDHeC (Instituto Dom Helder Camara) como os trabalhadores de primeira hora, aqueles que sempre estiveram ao lado do nosso arcebispo nos momentos mais tenebrosos quando era perigoso e maldito estar junto de um profeta “chamado” vermelho.

A CNBB seria os trabalhadores de segunda hora: entidade idealizada e fundada pelo próprio Dom, para dar mais autonomia e liberdade aos nossos bispos e principalmente uma maior resolutividade aos problemas gritantes do Povo de Deus.

A Arquidiocese de Olinda e Recife seria os trabalhadores da undécima hora (última hora).

A parábola segue contando que muitos são chamados...

Dom Helder no seu espírito imenso e imerso na generosidade e misericórdia de Deus, certamente ficará feliz e agradecido por toda e qualquer manifestação em memória de seu trabalho, no espaço de tempo que o Senhor lhe permitiu. Ficará um pouco constrangido com as loas à sua pessoa, mas as perdoará, pois terão sido manifestações, as sinceras, do carinho de intelectuais, dirigentes, assessores, funcionários. Não julgará intenções, pois seu coração infantil não conjuga este verbo.

Apreciará, sem dúvida, celebrações da santa missa, celebrações ecumênicas, manifestações culturais, livros, artigos, memoriais, procissões, simpósios, semanas, jornadas, cultos, seminários, etc.

Nada dirá, no entanto, pois seu espírito nunca foi esse, sobre o esquecimento dos trabalhadores de todas as horas, acerca dos Pobres. Sua fome e sua miséria. Seu subdesenvolvimento, seu perambular nas ruas e calçadas, desnudos e sedentos. Suas prisões sem visita. Ficará triste e pedirá ao Pai, “perdoe-lhes, eles não sabem o que fazem”.

A segunda coisa que me veio à mente, foi o pensamento de Padre Arnaldo Cabral, que certa vez o expressou na frente do Dom com os padres de nossa arquidiocese naquele tempo “o problema, Dom Helder, é que todos nós o admiramos, mas nenhum de nós o imita”. E a parábola em dado momento diz: ... encontrou ainda outros que estavam desocupados, aos quais disse: Por que permaneceis aí o dia inteiro sem trabalhar? – É, disseram eles, que ninguém nos contratou. Ele então lhes disse: Ide vós também para a minha vinha.

Talvez nossa Igreja demore mais cem anos para dimensionar, com justiça, o homem e sua obra, a obra que Deus realizou no seu povo através dele. Certamente Olinda e Recife, como cidades impenitentes que são, não mereceram Dom Helder. Continuam sem merecer, pois excluindo os Pobres e negando-lhes a dignidade de filhos e filhas de Deus, se dizem cristãs. O Dom se alegrará mais com cada copo d´água oferecido a um destes pequeninos...

Em 15 de abril de 2008
 

Assuero Gomes


Nenhum comentário:

Postar um comentário