Macunaíma funda um sindicato
Ouvindo o conselho do Frei, Macunaíma o grande patriarca brasileiro, intuiu o momento histórico que estava vivendo. Por um lado uma siderúrgica cheia de empregados insatisfeitos, por outro muitos desempregados, não se podia fazer greve nem protestar, um delegado truculento, uma classe de professores insatisfeitos, alguns intelectuais com pouco brilho ou plateia, artistas mais ou menos pobres, estudantes cheios de ideias e ideais, alguns padres e freiras e leigos embevecidos pela teologia da libertação, alguns ideólogos de esquerda foragidos e com medo da repressão, alguns bandidos traficantes de maconha, uma massa popular de pequenos artesãos e prestadores de serviço que só queria um lugar para trabalhar, tudo isso Macunaíma imaginou uma grande quadrilha de São João onde ele ditaria os passos da dança.
Organizou uma feijoada de domingo para depois da missa, no mesmo pátio onde o circo se armara da outra vez.
Trouxeram um caldeirão gigante, mas tão grande, como uma piscina do inferno, daquelas com fogo embaixo e cheia de enxofre.
Cada participante trazia sua contribuição e ia colocando no caldo da feijoada. A própria essência do caldo cultural brasileiro. Até o gerente da siderúrgica trouxe litros e litros de cachaça como presente do dono.
A festa durou três dias e três noites.
Nosso herói ao final mergulhou no caldeirão inteiramente nu e chamou as cunhadas, e todo mundo entrou, numa bacanal sem precedentes na história desse país. Dizem também as más línguas que houve cena de canibalismo, mas os sofistas disseram que era antropofagia.
Dizem que foi depois desse banho cultural que Macunaíma começou a ficar louro, mas não é verdade, isso aconteceu bem depois, bem depois ....
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