Texto VIII
O Espírito e a Sabedoria
Interessante notar é que o Espírito derrama seus dons sobre quem
quer, independente da condição da pessoa que vai receber. Diferente da graça,
que pressupõe a natureza, os dons do Espírito são totalmente livres e quem os
recebe não é seu dono jamais nem tampouco pode se vangloriar de tê-lo recebido.
Não é permanente também. Da mesma maneira que foi soprado pode ser retirado.
A Sabedoria é algo tão forte e concreto que os gregos a tinham
como o maior bem a que alguém poderia alcançar (Sofia), o ápice da condição
humana. Os judeus, especialmente os das escolas rabínicas de Alexandria, a
descrevem como uma criança brincando aos pés de Deus, muito antes da Criação.
Os autores cristãos não tardaram a reconhecer nessa alegoria a figura de Jesus.
Jesus seria a encarnação da Palavra e a própria Sabedoria.
Na prática notamos que o Espírito tem uma predileção toda
especial, mas não exclusiva (vide Lucas e o próprio Paulo), pelos pobres e suas
comunidades. Notamos também, que como dom não se pressupões a natureza da
pessoa que vai recebê-lo, então esse dom especial pode ser derramado
copiosamente entre pessoas cultas, mas também em pessoas que não sabem ler nem
escrever. Geralmente a sabedoria está associada com o avanço dos anos, e ela
gera uma espécie de liderança (de serviço) naqueles que a possuem. São também
muitas vezes chamados a decidir questões entre as pessoas da comunidade, gera
humildade, mansidão, gentileza, uma predileção ao silêncio e à reflexão, ao
amor pela história de seu povo e suas boas tradições.
A Sabedoria cuida da vida de todos e é o princípio do Ethos
(ética).
Assuero Gomes
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