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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cristo Rei




FESTA de CRISTO REI  -                            21 de Novembro de 2004
Anuncio do Evangelho de N. S. Jesus Cristo que nos foi narrado por São Lucas
(Lucas 23, 35-43)


35 O povo permanecia aí, olhando. Os chefes, porém, zombavam de Jesus, dizendo: "A outros ele salvou. Que salve a si mesmo, se é de fato o Messias de Deus, o Escolhido!"

O povo numa atitude passiva olha Jesus. O que vê? Apenas um crucificado que vai salvar sua alma para além deste mundo. A atitude passiva não é digna de seguidores de um rei. De seus seguidores um rei de verdade espera indignação perante a injustiça, organização para melhorar a capacidade de luta por mudança, e ânimo para reparar a situação dos mais pobres.
Os chefes numa atitude de zombaria instigam ao rei. Eles têm uma postura de vitoriosos, pois o mundo aparentemente é deles. Eles exploram, oprimem, enriquecem com o suor e o sangue dos pobres. Desviam verbas, fazem acordos espúrios, confabulam nos porões, roubam no peso e na medida, colocam no ombro dos excluídos uma carga insuportável.
Os líderes que deveriam agir em nome do rei, em favor do povo, o exploram. As instituições políticas constroem palácios suntuosos, as instituições religiosas catedrais suntuosas, os juízes julgam pela aparência e pela propina, as forças de segurança são violentas com o próprio povo que deveria proteger.

- Nós acreditamos Senhor que tu és nosso rei e estamos dispostos a ti seguir. Lutando pela justiça, pela partilha e pelos pobres!

Os chefes zombam de Jesus. Ora, Jesus é o pobre e é a eucaristia. Os chefes continuam zombando dos pobres e fazendo pouco da eucaristia. Quem vai salvar o pobre Senhor? Senão tu mesmo, quando teus seguidores, organizados na justiça e na partilha fizerem concreto teu reino aqui na terra.

- Nós somos teus seguidores Senhor, e estamos dispostos a fazer teu reino acontecer na justiça e na partilha!

 36 Os soldados também caçoavam dele. Aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre,  37 e diziam: "Se tu és o rei dos judeus, salva a ti mesmo!"

A força militar também caçoa de Jesus. Ela explorava os pobres, violentava seu direito, oprimia, pedia suborno, ameaçava, não os defendia contra os poderosos. Eles foram formados e armados para defenderem o povo, fazer a justiça ser cumprida e fazer reinar a paz. Não deixar jamais o mais forte se apoderar do mais fraco. Defender a viúva e o órfão. Porém não reconhecem a autoridade de Jesus, que é rei de justiça e misericórdia, do perdão e da partilha.

-Senhor, fazei que reconheçamos teu reino, quando defendemos os direitos dos mais fracos, dos injustiçados e dos perseguidos!
Ofereceram vinagre ao rei! Logo a ele que oferecera vinho em abundância, e da melhor qualidade. Logo a ele que fizera da sua vida uma imensa Vida partilhada, como uma refeição onde todos são convidados e onde o vinho e o pão não acabam nunca.

- Fazei Senhor que jamais neguemos uma refeição a quem tem fome, nem que menosprezemos os famintos na sua dor!

38 Acima dele havia um letreiro: "Este é o Rei dos judeus."

A realeza de Jesus é diferente à realeza deste mundo. Jesus não explora, não humilha, não acumula, não guarda para si, não oprime, não se envaidece, não se ensoberbece, não domina, não trai, não difama, não persegue, não maltrata, não guarda rancor, não usurpa, não trama. É um rei pobre, vestido em farrapos, dependurado numa cruz, envolto em sangue e sofrimento.
Para que serve um rei assim?

- Senhor, fazei que reconheçamos tua realeza assim na cruz como na ressurreição. Que sigamos teus ensinamentos de tolerância, misericórdia e amor. Que não haja nenhum irmão nem irmã passando necessidade, pois são irmãos e irmãs de um rei!

Quem seguirá um rei assim, tão frágil e tão pobre? Onde está o teu poder? Onde está o teu exército? Tua Igreja? Teus amigos? Teu prestígio? Tua fortuna? Teus assessores? O mundo continua cravando cruzes e crucificados nas estradas e nas vilas das periferias. Hoje festejamos não o rei dos judeus, mas o Rei do Universo. Que seguidores somos nós de Ti? Que fizemos de nosso rei? Um enfeite, um letreiro para andar pendurado no pescoço? Um adorno de Igreja. Estás feliz com teus seguidores?
- Senhor, nos perdoa por não acreditarmos em ti como deveríamos. Aumenta nossa fé e abre nossos olhos e nossos corações para enxergamos além das aparências!

  39 Um dos criminosos crucificados o insultava, dizendo: "Não és tu o Messias? Salva a ti mesmo e a nós também!"


Até os criminosos não reconhecem a realeza de Jesus. Na verdade a proposta de reinado de Jesus não agradou nem aos chefes políticos, nem aos sábios, nem aos religiosos, nem aos militares, nem aos ricos, nem aos teólogos, nem mesmo à massa popular, nem aos criminosos, nem aos seus apóstolos. E a nós?

- Senhor, fazei com que o teu reino se instale em nosso coração para que possamos ser fiéis seguidores teus e possamos levar o teu reino aos irmãos e às irmãs!

Muitas vezes nos desespero e na aflição também dizemos como esse malfeitor disse: Senhor se tu és Deus, nos salva! Mas quando vemos um pobre mendigando, doente ou bêbado, lhes viramos o rosto. Então Tu nos pergunta no coração: se Eu Sou teu rei porque me viras o rosto?


40 Mas o outro o repreendeu, dizendo: "Nem você teme a Deus, sofrendo a mesma condenação?  41 Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal."

Um ladrãozinho de segunda categoria, desses que não usam black-tie, desses que não tem jatinho nem terno italiano, nos ensina uma profunda lição: reconhecer Deus na figura desfigurada de um maltratado e torturado. Banhado em sangue, pendente da cruz, pobre, magro, esfarrapado. Enquanto os sábios, os teólogos, os religiosos, as lideranças apenas escarneciam, ele, sem estudo, sem oportunidade na vida, sofrendo o mesmo suplício, reconhece a própria culpa e no mesmo movimento reconhece a inocência e a divindade de Jesus. Oh doce sabedoria que emana dos pobres!

- Senhor fazei com que te vejamos através dos olhos dos pobres, pois eles em qualquer situação te reconhecem como Senhor e Rei!

42 E acrescentou: "Jesus, lembra-te de mim, quando vieres em teu Reino."

Quanta intimidade com o Rei! Em toda escritura jamais alguém falou com Jesus chamando-o simplesmente pelo nome. Quem lhe concedeu tamanha honra e tamanha glória? Nem mesmo o papa, nem os reis e rainhas deste mundo, nem os presidentes, nem os discípulos. Afora Maria, que chamou Jesus pelo nome, sem outro título qualquer?
Um ladrão arrependido que enxergou o Rei onde todos só viam desprezo.

- Senhor, para sermos dignos de te chamar pelo nome, fazei com que te reconheçamos no pobre, no sofredor e  no excluído.


 43 Jesus respondeu: "Eu lhe garanto: hoje mesmo você estará comigo no Paraíso."
                                                                                                                                     
O primeiro cidadão do Reino! Um ladrão, marginal arrependido. Algo nos quer dizer Lucas. Algo nos quer ensinar o Senhor. O Senhor apressa a vinda do Reino para os sofredores, para os pobres. O Senhor garante a presença deles, mesmo sem religião, mesmo sem educação. O companheiro de Jesus na cruz e no sofrimento também é o companheiro no céu. Quantas surpresas teremos se conseguirmos entrar lá! Quantos doutores da lei e de outras artes terão que pedir licença aos marginalizados, quantos latifundiários pedirão aos bóias-frias, quantos bispos, padres, frades e freiras, pedindo licença aos leigos e leigas que foram perseguidos e proibidos pela instituição, quantos médicos e profissionais de saúde pedindo pelo amor de Deus um lugarzinho aos pacientes pobres que não atenderam....

- Senhor, Rei do Universo, que te preocupas  com que o pobre há de comer e de beber, com o que há de vestir, com o preso, o doente, faze  de nós teus seguidores fiéis, e nos conceda um lugar no teu Reino, por tua graça, somente por tua graça e misericórdia!

Amém !

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