Visitantes

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Encantadoras de serpentes



Resultado de imagem para médicas bonitas



Encantadoras de serpentes


Quem pode escapar aos encantos de Circe, ou dos cuidados de Hygiea ou de Panaceia? Quem sabe encantar a serpente do caduceu com tamanha graça e garra?
Vejo mulheres guerreiras de branco, que geram vida, renda e cuidado para os seus, que defendem e sustentam seus lares, independentes de companheiros se os houver. Que se entregam à vida com unhas bem cuidadas, com suave força, de suas mãos poderosas, muitas vezes com luvas de látex, desafiando o destino de ser mulher no terceiro mundo.
Coração às vezes machucados às vezes em festa, músculos cansados de trabalho ou de exercícios roubados de um tempo escasso, corpo seu, guardado ou generoso, que protege as crias e enfrenta o mundo, que se entrega e se recolhe.
Nada é alheio ao olhar dessas Dianas de Asclépio. Nada lhe foge ao mínimo detalhe, que lhe entrega uma intrusa ao menor movimento, mas que lhe cega ao primeiro encanto.
Filhas de Rita Lobato e Amélia Cavalcanti vão desafiando o tempo, as condições de trabalho, os companheiros, os filhos, a sociedade, os governos, as estruturas, as desigualdades, as injustiças, desbravando campos minados e desfraldando bandeiras ao vento que vem do amanhã. Vão vencendo o frio, o calor, o sono, as sogras, e escrevendo uma nova história, como diz um poema de um fado português, como a gaivota que enfrenta e vence a tempestade em mar alto.
Quem transmigrou o caduceu de Mercúrio para o bastão de Esculápio certamente foi uma dessas deusas encantadoras de serpente. A serpente é símbolo de astúcia e de vitória sobre a morte, pois quando eminente seu final o réptil se desvencilha de sua pele (casca) deixando-a para trás e confundindo seu algoz consegue escapar, mas quem venceu a serpente?
Uma homenagem às médicas pernambucanas, que exercem seu ofício com dedicação e abnegação, enfrentando todo tipo de dificuldade, que são protagonistas dos próprios lares e responsáveis em grande parte ou porcentagem pelo custeio da vida da família.
São maioria e grande responsável pela força de trabalho médico e ainda assim há discriminação recebendo, em alguns lugares, rendimentos menores que os percebido pelos médicos.  Independentes, essas guerreiras de branco não se deixam cooptar por favores de governos nem de quem quer que seja, pois com suas mãos limpas, lavam as feridas do descaso da nação, enxugam as lágrimas de muitas mães pacientes e de muitas crianças doentes, minoram a dor e o sofrimento de um país enfermo de cidadania.
Entre plantões, ambulatórios, clínicas e consultórios vão deixando suas marcas de vida vitoriosa, e seus exemplos são e serão sempre um motivo de orgulho para a Medicina de Pernambuco e para todo estado.
Quem encanta a serpente do Bastão de Esculápio senão uma bela Circe de Calcutá, refletida nos espelhos de Tejucupaco. 




Assuero Gomes






Nenhum comentário:

Postar um comentário