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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A Adoração do Cordeiro Místico












A Adoração do Cordeiro Místico

No caminho que leva de Bruxelas a Bruges há uma cidade chamada Ghent. Nesta cidade há uma catedral dedicada a Saint Bavo. Nesta catedral há um quadro (um políptico ). Um painel pintado por Jan Van Eyck (seu irmão mais velho Hubert também participou) em 1493.
Acontecesse alguma catástrofe na Terra e toda a escritura cristã fosse perdida, esse painel salvaria a História da Salvação. Confesso ter ficado extasiado com a densidade de beleza pictórica e teológica da obra. Uma glória do gênio humano. Essa, sem dúvida, foi a obra de arte mais cobiçada,odiada, amada, roubada, danificada que se tem registro. Assim  o digam os protestantes do século XVI, Napoleão, os nazistas e tantos outros.
O retábulo consiste em painéis moldados que se podem abrir ou fechar. Na parte superior podemos vislumbrar Deus na sua majestade plena abençoando a quem olha, entre a Virgem Maria e João Batista. Acontece que essa imagem de Deus (Pai) foi pintada com detalhes iconográficos mistos com os de Jesus como se os autores interpretassem a ‘unidade’ amorosa do Pai e do Filho. O interior das abas representam anjos cantando e mais externamente Adão e Eva (grávida) e no alto por trás Caim matando Abel (vida e morte). No registro em latim de Adão nota-se o ciúme de Caim pelas ofertas de Abel.
A cena central para onde tudo converge (luz, olhares, posição dos peregrinos) há a adoração do Cordeiro que sangra no peito no lado direito e enche uma taça sobre um altar alvíssimo, sob a luz de uma pomba que está entre Deus Pai e o Cordeiro. O Cordeiro é cercado por 14 anjos perfilados.
No plano à esquerda um grupo de profetas judeus ajoelhados segurando um livro e atrás deles os filósofos e escritores pagãos de todas as partes do mundo (observa-se pelas fisionomias e vestimentas). Na direita os doze apóstolos seguidos de santos homens, Papas e clérigos. No segundo plano da direita os mártires e as mulheres com a palma do martírio.
Quando o retábulo se encontra fechado, surgem pintados em tons de cinza a Anunciação do anjo Gabriel à Virgem que estão separados pore dois pequenos paineis. Em cima do anjo e da Virgem estão representados os profetas Zacarias e Miqueias.
A luz suave que emana silenciosa do conjunto da obra e especialmente do Cordeiro sobre o altar, que sereno verte seu sangue para a salvação da humanidade, mostra o âmago, a causa e a finalidade da grande aventura dos seres humanos na história.

Assuero Gomes
Médico e escritor




quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Vocação religiosa: para servir ou ser servida ?

Vocação religiosa: para servir ou ser servida ?




Lançando um olhar sobre o marco do tempo de 50 anos de vocação de Irmã Vanda, tento ver sobre e dentro do mistério vocacional, a que alguns seres humanos são chamados.
A vida consagrada e religiosa vem de há muito tempo dentre todas as religiões. Na baixa idade média se acentuou mais na cristã, embora relatos bíblicos revelam comunidades e pessoas tentando viver a partir deste modo.





A princípio parece ser como uma fuga da realidade do cotidiano de pessoas comuns com seus relacionamentos e dificuldades, pode parecer de outro ângulo, como uma separação especial de uma parte para se dedicar ao culto à divindade, ou mesmo para reflexão e isolamento pessoal, para se estar mais perto de Deus.
Pessoas ou grupos isolados socialmente aceitos geram uma espécie de casta, e se abrem mão de alguns direitos naturais (casar, procriar) ou sociais (ter patrimônio) por sua vez adquirem outros, tais como 'estabilidade' 'status''imunidades'.
Voltando à irmã Vanda, o modelo de vida consagrada que ela seguiu e segue até hoje é aquele idealizado por Vicente de Paulo, na França no século XVII, que é um avanço muito grande: não são freiras nem devem viver em conventos muito menos em clausuras. Não devem usar hábitos que a diferenciem das demais mulheres do povo. Devem renovar suas intenções a cada ano. São pessoas civis, com plenos direitos republicanos, com uma profissão, que resolvem, de livre vontade, colocar seus bens e ganhos em comum, e viver no meio da população, especialmente os mais carentes. Vicente, como todo bom profeta, pressentiu e organizou seus seguidores (se algumas assim não o fazem isso é problema delas) para enfrentar o sustento vida dos outros, pois logo cedo percebeu que a razão de ser do cristianismo é mudar a vida de quem está sofrendo e assim mudar também a própria vida, transformando tudo em todos e na face do Cristo.




Vicente foi também percussor dos ideais da Revolução Francesa.
Uma vida consagrada é uma vida de serviço, na essência.
Creio que Jesus não precisa mais de templos suntuosos nem de orações intermináveis nem de tanto incenso. Ele precisa de comida, de água potável, de agasalho, de medicamento, de documentos, de trabalho digno, de moradia decente, de escola. Isso, com certeza, vocações como a de irmã Vanda vem providenciando.

Assuero Gomes

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Helden e Panning um só coração, uma só oração






Uma resenha em imagens e emoções.
Eis Helden e Panning, unidas como duas unidas, com seus passarinhos e alta esperança.









Pe. João Pubben e eu. Recepção calorosa. Aposento simples, confortável, digno, sem nenhuma ostentação nem privilégio. Uma mesinha com computador, internet e um aparelho de televisão. Um quadro de S. Vicente acolhendo uma jovem molestada em frente a uma favela pernambucana. No manto que protege escrito O Silêncio de Deus no coração do pobre. Junto na mesma parede um retrato de D. Helder com o Pe. João.





Calorosa recepção e acolhida. Recebo presentes para mim e para os amigos de Recife, em especial para irmã Vanda, companheira de tantos trabalhos para os pobres, que completa 50 anos de vida consagrada nesse serviço inspirado de Vicente e Luísa.




Uma mesa farta de carinho. Um bolo de chocolate delicioso e um café bem quentinho.





Notem que nosso anfitrião veste apenas um leve casaco, numa temperatura de gelar qualquer nordestino (+- 5.oC ). Aí, onde está morando é no Centro de S. Vicente em Panning.







A igreja de Panning.








Belas fotos de um local encantador.


Agitação terrível, um trânsito caótico, barulho, confusão, como em Água Fria na quarta-feira de cinzas com o bloco Os Irresponsáveis.



Belas casas simples, cada uma diferente da outra conservando a harmonia do estilo.







Helden, onde Pe. João nasceu, seus pais, seus avós, suas raízes estão fincadas aí, embora seu espírito tenha voado muito cedo dessas copas para servir aos pobres no Brasil





Belo coreto. Quantas noites reuniram moradores em torno de si, trocando sonhos e afagos?













A hospitaleira pousada que nos hospedamos, providenciada cuidadosamente pelo Pe. João. Tão boa que perdemos a hora!





















Detalhes que revelam o modo de vida, da estética, do holandês.







Imagens da pousada.









O lugar que tem a honra de hospedar nosso amigo. Na bandeira azul, a assinatura de Vincent du Paul





Imagens bucólicas de tranquilidade e paz.










Olhem ele aí, corado, ativo, esperto, lúcido, e apenas com esse leve casaco (não sei como ele aguenta!)








Dois irmãos que bebem no mesmo cálice e partem e repartem o mesmo pão.












Corredores longos, aquecidos, nas paredes os quadros dos visitadores da Congregação da Missão
desde o fundador, S. Vicente de Paulo!












Feliz ficamos







A igreja de Helden, onde ele e seus antepassados foram batizados e serviram como sacristão desde o século XVII (salvo engano meu). Ele pediu para abri-la para nos mostrar pois à hora não havia serviço religioso.








Nave central. Essa igreja foi bombardeada pelos nazistas e o sino tentaram roubar para derreter e fazer armas.









O sacerdote olha com olhos de lembrança a primeira missa celebrada...









E caminha sereno para o altar. lembra exatamente onde sua mãe sentava nas missas e seu pai sempre ativo ajudando no altar.










David meu filho.






Na sacristia, a parte nova.







O sino. Notem a data: 1736








Belos vitrais.







Uma grande igreja, que gerou verdadeiros cristãos.









O Cristo flagelado









A pia batismal onde João foi batizado, e seus ancestrais.













Durante o ano, fica exposto o retrato das crianças que foram batizadas e dos que já partiram.













O lado externo da igreja.




 Uma tranquilidade sem limites. O sacristão disse que nesse dia estava 'quentinho'. Imagino quando ele acha frio!!!!!





Detalhes externos.





A casa onde Pe.João e seus irmãos nasceram. Fica praticamente colada à igreja.











Mírcia, com o dia 'quentinho'






Reunidos em Helden na casa 'natal' de Pe. João.











Essa árvore foi plantada em homenagem ao nascimento da rainha Beatrix da Holanda, quase na mesma data de Pe. João. A placa está mais abaixo.

















Detalhes de um lugar muito importante para todos que conhecem o nosso irmão.









Essa placa, em cima do confessionário foi feita em Olinda, quando o pai dele esteve lá e trouxe-a para Helden.






Cristãos nunca se despedem.






Até uma primavera!!!!