Para deixar o ar entrar ...
Poderíamos
colocar em letras as conquistas, os desafios e as tentativas nas quais os
médicos e médicas pernambucanos se entrelaçaram neste ano de 2015. Poderíamos
projetar as expectativas e os sonhos a serem realizados neste tempo novo que se
aproxima.
Lermos
os sinais postos, não nos astros, mas no nosso chão de hospital, de PSF, de
consultório, de maternidade, de posto de saúde, no chão marcado por passos, por
sorrisos e lágrimas, por sangue e secreções, e traçarmos os caminhos vindouros.
Poderíamos
escutar os desejos dos colegas e auscultar os gemidos do povo que anseia dias
melhores para a saúde neste grande nosocômio, misto de circo, penitenciária e
asilo psiquiátrico chamado Brasil.
Poderíamos
mostrar aos colegas como desaparelhamos seu Sindicato de todo e qualquer
atrelamento político-partidário e de quantas batalhas travamos com sua força e
sua voz, como uma voz que clama no deserto, mas que se fez ouvir em toda a
nação.
Fomos
e somos a reação à inépcia modorrenta que assola o país, com extremo e triste
conformismo da maioria dos habitantes, que se contenta com um punhado de
farinha, uma novela e uma ficha no fim da fila para possível atendimento
cidadão daqui a três anos.
Poderíamos
dizer a todos da insistência em denunciar os desmandos e o sucateamento da
saúde pública, do estado de guerra civil das maternidades públicas e das
aberrações de endemias medievais surgidas pela falta de saneamento básico e de
dignidade civilizatória.
Poderíamos
tudo isso e fizemos. Poderíamos fazer um poema branco para saudar o ano novo,
escrito com todas as tintas de todas as cores. Confeccionar um jaleco com as
cores da paixão e compor uma música sem sirenes que espantasse o sono de
plantões infindáveis.
Mas
hoje, só hoje, vamos apenas abrir as portas e as janelas................
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