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terça-feira, 5 de abril de 2016








    Dia Mundial da Saúde



Muito a desejar e pouco a comemorar. O planeta está doente. Os povos da periferia estão doentes e famintos, sem teto e sem chão. Grandes levas de emigrantes varrem o planeta em busca de melhores condições de sobrevivência. O Brasil retrocede em décadas sua saúde pública e traz para dentro de si epidemias jamais esperadas.

Saúde é saneamento, é moradia, é alimentação, é vacina, é orientação médica, é lazer, é esperança, é segurança, é ar puro, água cristalina, é VIDA. Enquanto países do terceiro e quarto mundo sangram suas dores à míngua, assistimos o avanço da medicina a patamares nunca imaginados em poucos lugares privilegiados.

Aqui faltam vacinas, esparadrapos, penicilina, vergonha e honestidade. Sobra corrupção, ganância, desperdício. Desejar um belo e maravilhoso dia mundial da saúde é como admirar uma olimpíada numa manhã de sol envolta num cenário artificial.

A Terra grávida de esperança geme as dores de um amanhã melhor, mas falta-lhe um lugar para parir com segurança, essa aurora. Quem era para proteger, explorou. Quem era para ajudar subjugou, quem era para promover a justiça, corrompeu. Bandeiras fincadas no ventre dessa Terra tremulam, sem ter quem as empunhem.

Mas a esperança, a virtude última dos condenados, faz irracionalmente nascer brotos na aridez de um horizonte incerto. Os dois grandes avanços da humanidade, que realmente mudaram o curso de sua caminhada foram: a descoberta da água potável e as vacinas; depois delas a vida na Terra nunca mais foi a mesma.

Dia Mundial da Saúde, um copo de água limpa, um pedaço de pão. Uma roupa. Um abrigo. Um abraço. Quanta diferença faz esses presentes, tão ausentes. Brindaria com a água e me banquetearia com o pão. Pão dividido com o irmão vestido de humano. Num grande abraço apertado. Assim, assim, seria celebrado o dia.


Assuero Gomes

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