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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O inferno


A Propósito | Marcelo Alcoforado

                                       

 

 

O inferno

 

O Maranhão estarrece o mundo. Pedrinhas apedreja a civilização ao se fazer palco de espetáculos dantescos em que pescoços são cortados na guilhotina do banditismo cada vez mais desenfreado. Na capital do estado, em uma das cenas mais horripilantes, uma menina na inocência dos seus seis anos, é queimada viva. De dentro da penitenciária, celulares à mão dos chefes, as ordens para as atrocidades cada vez mais chocantes. Como saldo brutal, mais de 60 mortos, muitos decapitados, infelizes protagonistas de em enredo que chocaria até se fosse ficção.

Em 2011, há dois anos, portanto, a média diária de homicídios no Brasil era de 137 pessoas. Repita-se: 137 pessoas assassinadas todos os dias, inclusive sábados, domingos e feriados. Sabe o que isso representa? É, o equivalente a um Carandiru por dia.

Um Carandiru todo dia!

Chama a atenção o fato de que, ressalvadas as exceções, poucos gritam. Seria bom se houvesse protestos com a mesma indignação dedicada aos militares que invadiram a famosa prisão paulistana.

Fatos como os acontecidos no Maranhão e nas favelas cariocas, só para ficar em dois exemplos, só acontecem em países periféricos. O Brasil é rico, é uma das maiores economias do planeta — você pode contrapor —, mas é um rico mal-educado, selvagem, desses que incomodam o vizinho, que cospem no chão, que guardam uísque no refrigerador...

Países civilizados guardam os seus presos. Trata-os com respeito, mas não toleram indisciplinas, muito menos assassinatos, essas coisas do gênero, tão corriqueiras por aqui. Mas há países em que ainda existe a pena de morte, você pode, mais uma vez, redarguir, então é o caso de perguntar: quem disse que no Brasil não há pena de morte? É só ver o caso do Maranhão. Um pequeno grupo ou talvez uma pessoa decidiu quem morreria naquele presídio, ao passo que a criança incinerada teve sua morte decidida por um menor, desses inimputáveis e, assim, impuníveis, que decidiu atear foto à única saída possível do ônibus.

A causa de tudo isso não deve ser dinheiro, supõe-se. Afinal, enquanto as cabeças rolam, o governo maranhense cuidava de adquirir lagosta, caviar, uísque escocês 12 anos e champanhe francês para os almoços e jantares palacianos que, aliás, serão servidos em pratos e taças de cristal e talheres de prata.

Maria Antonieta não faria melhor.

 

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