Visitantes

terça-feira, 8 de abril de 2014

Saúde e política



Saúde e política


Entrei no serviço de saúde do estado de Pernambuco nos idos de 1976, ainda como estudante de medicina. Trabalhei em vários postos de saúde, Dois Unidos, Paulista, Brasília Teimosa, Pina, e tantos outros nessa estrada já um pouco longa.
Nos últimos seis anos dediquei-me também ao sindicalismo médico, no qual tive a honra de ser diretor do SIMEPE e servir aos colegas do estado. Agora saio. Gostaria de registrar alguns fatos e pensamentos por uma questão de justiça.
Nos últimos anos houve uma evolução real no  ganho salarial do médico ligado ao serviço público estendido aos aposentados. Lembro que no início, bem lá na década de 70 o salário era em torno de 3 salários mínimos não idexados, chegando em algumas épocas a menos que isso, sem contar os atrasos no pagamento e a dificuldade de diálogo com os gestores. Houve avanço. Graças à união e à luta dos colegas junto com o sindicato, mas também ao diálogo dialético com o governo de Eduardo Campos e do secretário Antonio Figueira. O dialético define o tipo de diálogo.
Por, também, uma questão de justiça, desde o tempo que estou trabalhando no Estado (breve me aposento), atualmente foi o período em que se construiu mais hospitais e unidades de saúde, tanto na capital quanto no interior. Muitos de nós discordamos do modelo de gestão nas parcerias público-privadas mas houve também concursos públicos para médicos em várias especialidades, lembro que quando iniciei o sistema ainda era o da indicação. É evidente que muito há que fazer ainda.
Registro aqui também minha admiração pelo IMIP, que vi crescer e se expandir, embora nunca tenha lá trabalhado, e hoje vejo que muito mais pessoas continuam tendo um atendimento e tratamento de alto nível, em diginidade, humanidade e qualidade. Quisera que todo serviço tivesse esse padrão na saúde pública, pois honra cada tostão que foi ali colocado.
Entra a questão da política nacional.
O nome do nosso governador está a cada dia ganhando mais consistência e densidade política a nível de Brasil. Começa a incomodar. E muito. O antes ‘aliado’ agora começa a ser ‘demonizado’ e temido pelas forças que dão sustentação ao governo da presidenta, e ameaça o plano de poder perpetuado do PT.
O país está afundando, tanto a nível de desenvolvimento humano como também economicamente. Se a maioria do povo entendesse um pouquinho de economia e visse para onde estamos caminhando, não dormiria. A violência grassa sem controle, a corrupção, o desmando, os desvios, as tentativas de se implantar uma ditadura camuflada, como quando se desmonta o sistema federativo através da criação de tributos e contribuições de arrecadações federais sem distribuição equitativa para os estados (impostos). É seca, é apagão, é enchente, é mazela sobre mazela.
A torneira  das verbas (centralizadas em Brasília) para saúde, educação, segurança, transporte público, se fecha para os ‘opositores’ políticos e se abrem para empresas e pessoas que subvencionam o partido, caudalosamente. É coronelismo e padroado a nível nacional.
A situação vai piorar com a chegada da Copa, da inflação, do preço real do combustível, do racionamento de energia e de água.
Finalizando é sempre bom lembrar que as mãos que governam nosso estado não estão sujas nem de lama, nem de sangue.

Assuero Gomes
Médico e escritor


Nenhum comentário:

Postar um comentário