Colaboração de Fabiano Costa
Quam bonum est et quam jucundum, habitare
fratres in unum.
Virgo
Flos Carmeli, ora pro nobis!
A
estátua recusada por D.Pedro II
E DIZER QUE JÁ
TIVEMOS UM GOVERNANTE ASSIM!!
D. Pedro II dispensou estátua em sua homenagem para priorizar a construção de escolas públicas.
A motivação parecia das mais nobres: Pela vitória na guerra do Paraguai, nosso Imperador fazia jus a uma estátua. Melhor ainda: uma estátua feita com o bronze dos canhões do inimigo derrotado. A campanha foi lançada através do jornal Diário do Rio de Janeiro anunciada de acordo com os seguintes termos no dia 19 de março de 1870:
"[...]
uma reunião em que se deliberou erigir uma estátua eqüestre ao Sr. D. Pedro 11,
como o primeiro cidadão, pela constância e tenacidade que mostrou sempre
na sustentação da luta contra o tirano do Paraguai, devendo o monumento
ser fundido no país com o bronze das peças tomadas ao inimigo. "
D. Pedro II não
esperou o dia seguinte para comentá-la. Em carta pública, causou surpresa geral
ao rechaçar a homenagem em grande estilo:
"Si
querem perpetuar a lembrança do quanto confiei no patriotismo dos brasileiros
para o desagravo completo da honra nacional e prestígio do nome brasileiro
[...] O senhor e seus predecessores sabem como sempre tenho falado no
sentido de cuidarmos da educação pública, e nada me agradaria tanto a ver
a nova era de paz firmada sobre conceitos de dignidade dos
brasileiros começar por um grande ato de iniciativa deles ao bem da
educação pública."
No Parlamento, a rejeição ao projeto da estátua chegou a ser criticada. Em maio, o senador José de Alencar (1829-1877) tratou o tema como uma ingerência do Imperador no Poder Legislativo, uma vez que já havia sido aprovado o financiamento para a elevação da imagem urbana. Nas sessões seguintes, porém, os parlamentares acompanharam a decisão do Imperador. O ministro do Império Paulino José Soares de Souza, por sua vez, manifestou na imprensa o apoio a Sua Majestade. Seu discurso alinhado com o Chefe de Estado reforçava a relação entre paz e progresso, este entendido como avanço “intelectual e moral da nação”.
No Parlamento, a rejeição ao projeto da estátua chegou a ser criticada. Em maio, o senador José de Alencar (1829-1877) tratou o tema como uma ingerência do Imperador no Poder Legislativo, uma vez que já havia sido aprovado o financiamento para a elevação da imagem urbana. Nas sessões seguintes, porém, os parlamentares acompanharam a decisão do Imperador. O ministro do Império Paulino José Soares de Souza, por sua vez, manifestou na imprensa o apoio a Sua Majestade. Seu discurso alinhado com o Chefe de Estado reforçava a relação entre paz e progresso, este entendido como avanço “intelectual e moral da nação”.
Para enfatizar suas prioridades, o
Imperador lançou, naquele mesmo ano, as pedras fundamentais das primeiras
escolas municipais do Rio de Janeiro, então Corte Imperial. Inauguradas em
1872, eram elas a Escola São Sebastião (posteriormente chamada Benjamin
Constant e demolida em 1938 para a abertura da Avenida Presidente Vargas),
localizada na freguesia de Santana, e a Escola São Cristóvão (depois chamada
Gonçalves Dias), localizada no bairro de mesmo nome. Durante as décadas de 1870
e 1880, seriam criadas outras seis escolas municipais na cidade. O que não quer
dizer que o imperador estivesse esbanjando recursos públicos: somente uma de
todas essas escolas consumiu verba do Estado em sua construção, sendo as outras
sete viabilizadas por contribuições particulares ou por subscrição pública. E
sempre envolvidas pela solenidade imperial: D. Pedro II fazia questão de estar
presente e participar tanto dos rituais de lançamento da pedra fundamental
quanto das inaugurações.
Não seria exagero dizer que a mais
recorrente representação do Brasil monárquico é a imagem de D. Pedro II.
No entanto, há poucas esculturas públicas do longevo imperador. Uma das
peças mais conhecida pode ser considerada escultura abaixo
inaugurada em 1911 e que representa o
Imperador de modo civil, numa postura contemplativa e serena, lembrando os
retratos do liberal intelectual.
Curioso é que a imagem foi produzida
não no período imperial, mas na primeira metade do século XX, numa evidente
manifestação de saudosismo que se confunde com a identidade construída em torno
da cidade de Petrópolis. Em 1925, por ocasião do
centenário do nascimento de D. Pedro II, inaugurou-se um busto na estação
ferroviária que leva seu nome (mais conhecida como Central do Brasil) e uma
estátua no parque da Quinta da Boa Vista, em frente ao antigo Palácio Imperial,
já então transformado pela República no Museu Nacional.
A ESTÁTUA RECUSADA
Assim, a escultura, que havia sido
moldada em gesso por Francisco Manoel Chaves Pinheiro, em 1866, nunca
chegou a ser fundida em bronze. Mas graças ao trabalho de Conservação e
Restauração do Museu Histórico Nacional e ao apoio financeiro de sua
Associação de Amigos, foi concluída em 1999 sua a restauração da
monumental.
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