Sistema de saúde brasileiro
Sistema de saúde brasileiro

Sistema de saúde brasileiro imagem do google
Que o universo flui, é um fato aceito sem controvérsias e do
conhecimento desde a antiguidade. Flui em todo seu sistema, desde a microesfera
até o infinito cósmico, na vida de uma abelha, nas ondas do mar, na incerteza subatômica
da matéria. Tudo flui e nada é estagnado.
Sabemos também que todos os sistemas são erguidos através da
organização (cosmo) de infinitas desordens (caos). Nenhum sistema é totalmente
estável, nem mesmo o diamante em sua eternidade. Sabemos também que os sistemas
estão vivos através do alinhamento de forças que o apoiam (biofílicas) e do
conflito de forças opostas (necrofílicas) e se mantêm quando essas forças
alinhadas superam as opositoras. Assim é o universo, assim é a vida: um
paradoxal equilíbrio precário.
Há um ponto em toda essa dinâmica que é tido como ponto
crucial onde não há retorno. Seria um ponto em que a situação de equilíbrio
estaria irremediavelmente perdida, seria o ponto do caos. O sistema, passando
daquele ponto, irremediavelmente não teria capacidade de se recompor,
retornaria ao caos de onde saiu. Isso é verdade para o planeta, para as
galáxias, para a saúde das pessoas, para os relacionamentos humanos, para as
empresas.
Especificamente trazendo essas assertivas para o modelo de
saúde adotado pelo Brasil, vemos que o Sistema Único de Saúde implantado no
início da década de 80, nasceu com as melhores das intenções e como um projeto
de vanguarda compatível com as aspirações do povo brasileiro, respaldado na
constituição e com o vento benfazejo da democracia. Excelente.
Como qualquer criança tinha tudo para crescer e desenvolver
suas capacidades e tronar-se um adulto completo, realizado e feliz. Tinha, mas
não teve. Como a maioria dos projetos do país, são projetos. O SUS não recebeu
a devida atenção e não recebe até hoje, atenção em forma de financiamento, de
cuidado, de empenho e de educação. Cansado de dizer e saber, que o Brasil não
investe quase nada em saúde, e fica nos últimos lugares das nações com um pouco
mais de poder econômico. Estamos falando de um país que é a sexta economia
mundial.
Na deficiência do SUS surge e cresce a rede suplementar de
assistência à saúde, medicina privada, e no seu bojo os ‘planos’ de saúde. O
sistema foi pensado também nos moldes da década de 80 onde os médicos eram
profissionais autônomos com seus consultórios particulares, a medicina era bem
menos sofisticada e cara, e o universo de brasileiros que tinha acesso a essa
medicina era bem menor.
Há alguns anos o sistema (SUS e medicina suplementar) vinha
dando sinais de falência, de exaustão, de que se aproximava do ponto do caos. Não
foi falta de aviso dado pelos médicos que sofrem na pele as consequências e pela
população que sofre na carne e nos ossos.
Consultórios fechados, ‘Planos’ de saúde fechando e deixando
a população sem assistência e os donos ricos, noticiário sensacionalista quase
diariamente sobre atendimento da população na rede pública, e sempre o médico
que está lá dando a sua vida na linha de frente, carregando a cruz nas costas
de um sistema falido, levando toda a culpa, e o povo sangrando.
Talvez a crise se aprofunde ainda mais um pouco apesar da
maquilagem midiática que se usa, e do caos total surja algum modelo novo que
reestruture o sistema.
Brasileiro, profissão esperança, como diz o texto.
Assuero Gomes
assuerogomes@terra.com.br Médico e escritor.
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