vai passar... Chico Buarque
Uma coisa que não havia persebido e que foi colocada muito bem no livro "Guia politicamente incorreto da História do Brasil" de Leandro Narloch (Ed. Leya), o qual recomendo urgente leitura, é que a gênese do desfile das escolas de samba é algo altamente facista e militarizado.
O carnaval em si, tal qual o conhecemos em Pernambuco e nas suas origens também no Rio, é algo anárquico, uma catarse popular onde são extravasados os anseios e instintos reprimidos durante todo um ano, durante quatro ou mais dias.
Acontece que no Estado Novo de Getúlio "organizou-se" de tal modo essa desordem coletiva e atendendo à necessidade paranoica de se estabelecer uma "identidade nacional" ainda com reflexos na Semana de Arte de São Paulo, que de uma forma um tanto quanto original para os padrões internacionais, militarizou-se o desfile.Uma ordem rígida pré-estabelecida, temas de exaltação nacionalistas, tempo cronometrado como nos desfiles cívicos de 7 de Setembro, rigorismo nas marcações de cadência, tema, uniformes (fantasias), carros alegóricos (infantaria?), etc...
Nunca gostei desses desfiles, acho insuportável de um mau gosto incrível, repetitivo igual a uma corrida de Fórmula 1, e agora, sabendo as origens...
O gênio de Chico foi quem melhor captou e transmitiu a essência de tudo isso, na sua imortal "Vai passar..." resta perguntar quando?
Assuero.
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