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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O Garimpo de Pedras Preciosas e Ouro






O Garimpo de Pedras Preciosas e Ouro


A busca por pedras preciosas e ouro faz parte da raiz nacional, das esmeraldas, dos diamantes, especialmente a partir do período do ciclo do ouro nas Geraes. A nação continua buscando avidamente por serras peladas, por terras indígenas, por veios e escavações tenebrosas.
A nação sabe que mais, muito mais, que ouro ou diamantes ou verdes pedras, mais que topázios ou turmalinas, ou quaresmais ametistas, há que se procurar e achar as pedras de construção, base sólida para fundamentar esta mesma nação, tão perdida por entre berços esplêndidos e sujeita a espúrias transações. As pedras do garimpo essencial são: a dignidade, a honradez, a amizade, a fraternidade, a partilha, a honestidade, a sinceridade, o respeito, a gratidão, o amor ao próximo, o compromisso com os ideais, a crença, a coragem, a tenacidade, a moderação, o desprendimento, o altruísmo, a longanimidade.
Sabemos que a busca por pedras preciosas requer paciência, investimento, segurança para quem garimpa. Sabemos dos riscos de contaminação, de desânimo, de fracasso. Sabemos também, e como sabemos, que entre as mais preciosas das preciosas gemas se encontram os cascalhos, as pedras rudes, as impurezas de eras ancestrais e recentes. Restos desprezíveis que dão labuta ao garimpo, que requerem perspicácia, perseverança e fogo para purificar o que serve e separar o que é entulho, no cadinho efervescente. O fogo, alimentado pela juventude da nação, que consome o rebotalho e purifica as pedras nobres, deve ser sempre a democracia, por mais tentadores que sejam outros meios, por mais impurezas que esta transpareça, mas não há outra chama segura que empunhar, que esta, a democracia.
Dizer o quê a esta juventude fragmentada de valores? Indicar quais caminhos, se perguntarão a nós, em estreitos nós, se acaso nos encontramos, e que estranha herança deixamos para eles? Podemos, pelo menos, num sussurro de pedido de perdão, lhes indicar quais as pedras que devem evitar, por mais reluzentes que sejam, por mais douradas e brilhantes que resplandeçam: a cobiça, a mentira, a ganância, a avidez, o engodo, a ambição, a vaidade, o consumismo, a covardia, a corrupção, a mesquinhez, o desânimo, a desilusão, a descrença, a vantagem, o desperdício, a volúpia, a desonestidade.
Haverá pedras no caminho, como nos disse o poeta Drummond das Geraes, haverá pedras de tropeço, como nos disse o Mestre, pedras de moinho que nos tentarão afogar no mar de lama, haverá, no entanto, haverá, pedras angulares, sempre haverá; com elas construiremos muros de arrimo, moradias dignas, escolas, hospitais, tribunais justos, creches e berçários. Construiremos templos de vida com pedras vivas, pois somos as pedras vivas do dia de amanhã.
Pensei, na minha infinita ignorância, que as pedras eram inúteis, devo confessar. Na visão limitada que disponho, imaginei as pedras como seres parados, inertes, imóveis. Peço perdão às pedras e à juventude, e ao poeta, e ao Senhor de toda messe, que é a pedra angular de qualquer construção, especialmente a construção de uma nação, pois as pedras são essenciais, com o passar do tempo e sob a ação da chuva, dos ventos e da luz, elas vão se decompondo e sendo absorvidas por seres vivos e fazem parte afinal de seus corpos.
As pedras preciosas são o povo. Simples, trabalhador, fiel, cumpridor do seu dever, honesto, cuidadoso com a construção de sua casa de taipa ou de alvenaria, que em última instância são pedras derretidas no barro. Que somos nós afinal, senão argila (pedra pastosa) moldada na infinita misericórdia do Criador?
Construir uma nação que seja uma morada digna e segura e perene e prazerosa para seus habitantes é um trabalho contínuo, paciente e perseverante de gerações e gerações, pois o tempo é subordinado à eternidade, e a nação brasileira é muito maior que algumas pedras envoltas em lama.
Para a juventude brasileira com um pedido de perdão da nossa geração.

Assuero Gomes

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