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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O endemoninhado e os porcos



O endemoninhado e os porcos

Naquele tempo, 1Jesus e seus discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um cemitério, foi ao seu encontro. 3Esse homem morava no meio dos túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5Dia e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras.

6Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos diante dele 7e gritou bem alto: "Que tens a ver comigo, Jesus, Filho do Deus altíssimo? Eu te conjuro por Deus, não me atormentes!" 8Com efeito, Jesus lhe dizia: "Espírito impuro, sai desse homem!" 9Então Jesus perguntou: "Qual é o teu nome?" O homem respondeu: "Meu nome é 'Legião', porque somos muitos". 10E pedia com insistência pata que Jesus não o expulsasse da região. 11Havia aí perto uma grande manada de porcos, pastando na montanha. 12O espírito impuro suplicou, então: "Manda-nos para os porcos, para que entremos neles".

13Jesus permitiu. Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. E toda a manada, mais ou menos uns dois mil porcos, atirou-se monte abaixo para dentro do mar, onde se afogou. 14Os homens que guardavam os porcos saíram correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver o que havia acontecido. 15Elas foram até Jesus e viram o endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, aquele mesmo que antes estava possuído pela Legião. E ficaram com medo.

16Os que tinham presenciado o fato explicaram-lhes o que havia acontecido com o endemoninhado e com os porcos. 17Então começaram a pedir que Jesus fosse embora da região deles. 18Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19Jesus, porém, não permitiu. Entretanto, lhe disse: "Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti". 20Então o homem foi embora e começou a pregar na Decápole tudo o que Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados.

Na minha opinião este é talvez o texto mais difícil dos sinóticos. O que ele tem a ver com meu voto?

Acompanhem:

O outro lado do mar representa a terra estrangeira, o mar a desordem, o caos, o lugar habitado por demônios, o abismo, o incontrolável. Jesus e os seus (sua Igreja no sentido teológico) navega sobre o mar e vai à terra estrangeira.
Notem bem o personagem do louco. É um homem (ou uma instituição) que vive no meio da morte (entre túmulos), é acorrentado mas sempre consegue romper suas cadeias. Notem que o “cenário” da ação, nos remete a um ambiente militar (morte, túmulos, cadeias, correntes, algemas, legião, etc...). É um homem (instituição) que vive da violência (note que ele mesmo se fere, dia e noite sem descanso, gritando e ferindo-se, etc...). É a própria doutrina/cenário da violência.
O encontro do endemoniado com Jesus e sua doutrina: há um reconhecimento inicial da pessoa de Jesus, no entanto mesmo sabendo quem é Jesus, ele pede para não sair de sua condição (status quo), não ser expulso. Note que ele pede para se incorporar nos porcos (aqui representação das legiões estrangeiras). Quando Jesus atende e os “porcos” se atiram no mar, desestrutura a “vida” econômica, social, política e militar da região. O que os moradores fazem, mesmo admirados com a visão do homem pacificado? Pedem para Jesus ir embora dali. Por que? Porque a estrutura política de poder (dominação) estava toda alicerçada na força coercitiva, que é antagônica à liberdade humana ( homem livre, lúcido, sentado, calmo, conversando).
O mais misterioso de tudo é por que Jesus não permitiu que o liberto entrasse na barca e fosse embora dali, com Ele? Não sei.

Um grande abraço.

Assuero.



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