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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Transformando pedras em pães



Transformando pedras em pães

E o Senhor foi levado pelo Espírito para o deserto para ser tentado pelo diabo. Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome. Então aproximando-se o tentador, disse-lhe “se és verdadeiramente o Filho de Deus, mande a estas pedras que se transformem em pães”. Mas Jesus respondeu: “Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4, 1-4).
A primeira fraqueza de qualquer ser humano vem através da fome. Por ela se subjuga, se oprime, se domina. É um direito fundamental de todo ser vivo, se alimentar, especialmente dos filhos e filhas de Deus, no entanto ainda há tanta fome entre nós!
Pedras no caminho dos pobres há muitas, pontiagudas, íngremes, cortantes, perfurantes, enormes, intransponíveis. Há pessoas, que como demônios, as colocam mais e mais, como se fossem poucas. Outras há, no entanto, que procuram transformar o caminho dos pobres, fazendo florescer das pedras, pães.
Por três anos Jesus andou aqui nesta terra fazendo sua missão. Hoje eu gostaria lembrar dos três anos de existência de um grupo de cristãos, que tem o dom de transformar pedras em pães e fazer a partilha multiplicando (dividindo) pães e dignidade.
Foram nestes três anos, 196.790 refeições, algo em torno 174.069 Kg de alimentos,mais de 1360 ovos e 954 litros de leite.
Milagres podem acontecer e acontecem, quando há o amor tecendo comunidade. Pode-se celebrar a eucaristia em gestos concretos e transformar as pedras em pães, e transformar os corações de pedra em corações de carne, vermelhos de misericórdia.
 Foram mais de 12 toneladas de feijão, mais de 10 toneladas de arroz, mais de 6 toneladas de macarrão. E farinha? Mais de 6 toneladas. Carnes de boi, galinha, charque, peixe, mais de 36 toneladas. Verduras? Mais de 19 toneladas.
Que são números, senão uma pequena parte da realidade apresentada aos olhos do mundo? Por trás deles há uma realidade quase invisível aos olhos do mundo, é a realidade de Deus.
Na realidade divina, o pobre tem prioridade. O sofredor tem prioridade. O doente, o preso, o sedento, o despido, o faminto, estes são a prioridade de Deus. Hoje percebemos esta realidade como se fosse num espelho ou num reflexo numa água turva ou mesmo como o avesso de um bordado. Chegará o dia em que a veremos com nossos próprios olhos, e a ouviremos com nossos próprios ouvidos, e então estaremos despidos, assim como viemos ao mundo, frente a frente ao nosso criador, nos perguntando, onde foi que o vimos com fome e não lhe demos de comer (cf. Mt 25).
Pedras pesam. Com elas constróem-se catedrais, palácios e mansões. Pães são leves, macios, saborosos. Quem tem pão no coração dá pão. Quem tem pedra, nada dá, acumula e pesa-lhe cada vez mais.
Agradeçamos a Deus por tantas pessoas que têm pão no coração e transformam os caminhos do pobre em melhores caminhos, e transformam sombras em luzes e afastam suas vidas do deserto.
Pronunciar palavra que sai da boca de Deus é pronunciar toda palavra que restitui vida e dignidade aos seres humanos. Pronunciar palavra de Deus é gerar e cuidar de Vida.
Obrigado a todos e a todas que continuam nos ajudando nesta caminhada.

Assuero Gomes



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