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sábado, 16 de março de 2013

O Papa Francisco

 
 
 
O Papa Francisco
 
 
Deixa conosco um sentimento de grande esperança o novo Papa. Sua postura diante do Vaticano, sua vida pessoal, sua frugalidade e a escolha do seu nome como Papa sinalizam para uma mudança de posicionamento em relação à liturgia do cargo.

                                                                            
Engana-se, contudo quem espera um Papa de "esquerda", pois na verdade a esquerda, como idealizada, a esquerda não existe mais. Alguns renitentes jurássicos sonhadores românticos, como eu era, imaginam um "papa" revolucionário que cambiasse a estrutura da Igreja fazendo-a um grande organismo político institucional que ideologicamente inflamasse o planeta através das Comunidades Eclesiais de Base. Alguns desejavam que transformasse o mundo numa grande Cuba ou ex- URSS ou uma Coreia do Norte com sua monarquia comunista (Marx deve sentir arrepios no túmulo).
Espero desse Papa um distanciamento maior da parte pecaminosa da estrutura do Vaticano, uma aproximação maior com os empobrecidos do mundo, uma visão pastoral mais acentuada na ideologia da Igreja e uma reaproximação com o mundo pós-moderno com um diálogo mais aberto e franco, despojado do imperialismo romano, aliás um modelo falido depois de 1600 anos.
Algumas mudanças conjunturais sim, estruturais muito poucas. Podemos chegar à abolição do celibato obrigatório para os sacerdotes diocesanos, a questão dos métodos anticonceptivos, uma maior participação dos leigos atuando mais a nível da sociedade na qual está inserido, sem se clericalizar demais, menos triunfalismo e mais teologia, menos messianismo e mais assistência concreta aos necessitados.
Algumas coisas não mudarão jamais na Igreja e isso precisamos estar conscientes para evitar falsas expectativas. A ordenação de mulheres, por exemplo, pois a instituição do sacerdócio cristão provem do sacerdócio judaico segundo Aarão e segundo Melquisedec  incorporado e plenificado totalmente e definitivamente no sacrifício de Cristo, é bem anterior à Igreja, mesmo que ela quisesse como também o Papa não teriam condições de alterar essa questão. A celebração de casamento entre pessoas do mesmo sexo, a questão do aborto, a consagração eucarística e o sacramento da reconciliação (confissão) serem ministrados por leigos, a própria questão da hierarquia na estrutura eclesial.
Causou-me espanto a reação de algumas pessoas ou grupos quando da eleição de Francisco (Jorge Mario Bergoglio), no momento quase imediato, já o estavam acusando de ter contribuído com a tortura militar na Argentina, isso sem uma averiguação serena e correta da História, o mesmo acontecido na época com Ratzinger em relação à sua juventude e o hitlerismo, quando na verdade ele fora vítima do próprio nazismo.
Resta rezar e manter viva a esperança para que Francisco honre os anseios e a esperança do seu povo como também o nome escolhido.
 
Assuero Gomes
Médico e escritor
 
 
 
 

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