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sábado, 24 de setembro de 2011

A única religião verdadeira de Jesus




A única religião verdadeira de Jesus


Fosse-nos ater somente aos fatos históricos como os conhecemos hoje ( como a história é dialética e dinâmica pode haver alguma outra luz no futuro ) numa visão desapaixonada (se é que se pode ter uma visão desapaixonada de algo sobre Jesus ), poderíamos de sã consciência afirmar que Jesus de Nazaré não fundou nenhuma religião nova. Sua pregação e doutrina se inserem tranquilamente na tradição profética do povo de Israel. Dos diversos movimentos e grupos que coexistiam em seu povo naquela época temos conhecimento de alguns: os fariseus (perushim) , os saduceus (tzadokim), os zelotas (kanai), os essênios. Havia também grupos chamados batistas, que seguiam a um pregador e praticavam o batismo.
Jesus sempre dialogou com esses grupos e sempre o vemos argumentando com eles, com a curiosa exceção: os essênios (seu primo João provavelmente pertenceu a esse grupo).
Com a destruição do Templo e de Jerusalém pelos romanos no ano 70 ( 3830 no calendário judaico ) coube aos fariseus manter viva a religião até os dias de hoje e para sempre.
Jesus e seu grupo (seguramente era um grupo batista) têm algumas características interessantes, pois como bom judeu e zeloso com suas obrigações faziam suas ofertas ao Templo e participavam de todas as festividades. Podemos afirmar que Jesus nasceu judeu e morreu judeu. Um pouco mais de três décadas depois com a diáspora dos judeus e cristãos de Jerusalém, os grupos tomaram rumos diferentes, registrando aqui os ebionitas (evyonim, pobres) que aceitavam a Torá e os preceitos judaicos e a messianidade de Jesus.
Paulo, fariseu, que não foi do grupo inicial, este sim, foi o grande arquiteto da doutrina cristã e lançou as bases para a criação de uma religião cristã, quando pregava a não necessidade de observância de alguns preceitos e ritos dos judeus e salientava a supremacia da fé. Por ironia da história, foi o pensamento paulino que gerou também as outras manifestações (igrejas) cristãs de seguimento a Jesus. É muito mais proveitoso e verdadeiro se estudar o desdobramento da vida e da pregação de Jesus e seus seguidores nos diversos ramos que tomaram, como “o movimento de Jesus” (cf. Eduardo Hoonaert).
O perigo quando alguma igreja se denomina a “única”, a “verdadeira”, a “legítima” é, além de acirrar os ânimos dos fiéis e gerar disputa em vez de fraternidade, desviar-se da essência do ensinamento de Jesus. Falamos de Jesus o tempo todo, mas esquecemos sua pregação: a boa nova aos pobres, uma sociedade justa, sem miséria, sem senhores e sem escravos, sem opressão, cujos bens são partilhados e a justiça faz brotar a paz. Os famintos e os sedentos são saciados, os encarcerados são assistidos, os nus são vestidos, os doentes são atendidos. Essa é a verdadeira e única religião de Jesus.
Fossemos analisar quais das religiões ditas cristãs são verdadeiras, poderíamos dizer  que são insuficientes ou são excessivas, com certeza são ineficientes, pelo menos aqui na América Latina, África e Ásia, especialmente no Brasil, de tantas e tantas igrejas mas cujo povo passa fome, é desassistido, sofre com a violência, com a ignorância e com a falta de saúde.
Na verdadeira e única religião de Jesus, o templo é o coração de cada ser humano, o culto principal é o serviço ao necessitado e a devoção é à Vida.

Assuero Gomes

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