Reflexão enviada pelo amigo e irmão Pe. reginaldo Veloso
NA PERSPECTIVA DO PRÓXIMO NATAL...
A
você, Assuero,
a
vocês, amigos e amigas, muito queridos e queridas,
estarei
enviando, a partir de hoje, alguns pontos de reflexão que poderão ajudar na
preparação do próximo Natal.
E
o primeiro é este, sobre o que anda acontecendo no mundo globalizado. É de um
professor da UFC, gente muito séria e profunda. A pergunta final nos desafia...
Um tema que é hoje objeto de grande polêmica é o
do alcance e do significado para a humanidade como um todo da crise que
enfrentamos. O economista paulista Beluzzo a interpreta com razão não
simplesmente como uma crise econÿmica, mas como algo que afeta radicalmente a
civilização, seus valores e seus ideais, que se lutou por construir no
pós-guerra. A crise significa em primeiro lugar o abandono dos sonhos de
humanização que marcaram tantos movimentos e tantas lutas, o sonho da
igualdade, da construção de uma vida social radicada na universalização de
direitos e no objetivo de alcançar o bem-estar social para todos. Sua
raiz está num novo individualismo que tem como base social a grande classe
média que se gestou na longa prosperidade e nos processos igualitários que
marcaram a época do capitalismo de orientação keyn esiana, ou seja, aquele em
que o Estado assumiu como sua tarefa primeira não só ser o promotor do
crescimento econÿmico, mas o instrumento de efetivação da universalização dos
diretos.
Ora o individualismo renovado vai pÿr como
grande valor da vida humana a competividade: todos são convocados a serem
empreendedores e a competividade se encarrega de produzir o progresso e o
bem-estar. Isso levou ao surgimento de milhões de empresários terceirizados e
autonomizados que produziram mudanças profundas nos métodos de trabalho e na
organização das grandes empresas. Isso significa que que a ordem internacional
se configura a partir de outros valores: a competitividade do capital
financeiro e produtivo constitui seu eixo articulador e neste novo contexto o
que realmente conta é o empenho agressivo e a capacidade de liquidar os outros.
O verdadeiramente assustador aqui é que a competitividade não é apenas a
categoria central do mundo dos negócios, mas ela se está transformando no valor
cultural fundamental e enquanto tal passa a reger as diferentes relações
sociais. A visão da economia e da sociedade subjacente a esses processos
defende explicitamente a tese de que a vida humana é marcada pela concorrência darwinista
de tal forma que o que na vida está em jogo em última análise é a sobrevivência
do mais forte.
O espetáculo que presenciamos nas últimas
décadas é o de uma ofensiva gigantesca do capital frente ao trabalho efetivada
através da flexibilização, da terceirização e da precarização. É como se o
capital se vingasse das conquistas do Estado de bem-estar social, uma espécie
de libertação do capital que livre da intervenção estatal consegue agora
estabelecer o mercado como definidor das regras de toda a vida social. É
justamente a intervenção estatal, sobretudo sua prerrogativa fiscal, que é hoje
objeto de uma crítica violenta: resiste-se a qualquer interferência no processo
de diferenciação da riqueza, da renda e do consumo vigente n o mercado
capitalista.
Esse processo é acompanhado por uma reviravolta
ética: a ética da solidariedade é substituída pela ética da eficiência o que
conduz a uma radical rejeição dos programas de redistribuição de renda e
assistência a grupos marginalizados. Caminhamos para a barbárie?
Manfredo Araújo de Oliveira UFC
Tudo quanto cheira a
"competição", como prática ou metodologia... e a
"competitividade", como valor, a começar pelos jogos e brincadeiras
de crianças, pelo futebol nosso de cada dia, há muito tempo que me acende, pelo
menos, a luz amarela... E será que não deveria acender, definitivamente, a luz
vermelha?...
O Natal que se aproxima,
nos convida a quê?... Nos sugere o quê?...
Grande abraço, Reginaldo
Veloso
Atualíssima a reflexão.
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