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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Sob o abrigo de Cristo, o Redentor.


 
 
 
 
 
 
Sob o abrigo de Cristo, o Redentor.

 

Um dos primeiros títulos com o qual se referiram a Jesus foi o de redentor. Ora, segundo a tradição judaica daquele tempo, quando uma família se empobrecia a tal ponto que não conseguia saldar suas dívidas, geralmente pela morte do patriarca, então sua terra era dada como garantia e seus filhos eram obrigados a trabalhar para o credor até que a dívida estivesse paga. É evidente que no ano jubilar, de cinquenta em cinquenta anos, que corresponde ao ano seguinte de sete vezes sete anos, todas as dívidas eram perdoadas e os filhos mandados de volta às suas famílias. No entanto, se o irmão mais velho conseguisse juntar o suficiente e resgatasse a dívida ele era chamado de o redentor.

Na teologia clássica, a humanidade tinha uma dívida com o Criador por causa do pecado, consequentemente vivíamos sob o jugo da lei, como escravos subordinados a ela; ora Jesus com o cumprimento fiel da sua missão até a própria morte, nos resgatou dessa dívida antiga. Ele é, portanto o Redentor.

Podemos ser como que redentores de irmãos e irmãs nossos, deserdados da vida, escravizados por um sistema social injusto e pecaminoso.

Gostaria de assinalar a instituição Abrigo Cristo Redentor, aqui no Curado, Recife, atualmente mantida pelo Rotary Club do Recife, sob a direção do companheiro Alfredo Correa, e que completa 70 anos.

Quando penso no abrigo, penso no resgate da dignidade da pessoa humana, muitas vezes abandonadas pelos seus familiares e até mesmo pessoas que nunca os conheceram. Penso nas histórias de vida, rotas, esfarrapadas, violentadas, e que de alguma maneira, à medida do possível, foram retomadas e restauradas no Abrigo.

Nossos velhinhos têm seus momentos felizes, como sopros do que deveriam ter sido. São acolhidos, respeitados, tratados, assim como faz e ensina nosso Redentor, pois Jesus só se torna visível, na medida em que seus seguidores procuram agir como Ele, cuidando da Vida.

Nossa vida definitiva, nossa terra definitiva, não é aqui nessa Terra, porém ela começa aqui, nesse tempo de agora. É uma vida que deve ser partilhada, como o será na eternidade. Uma vida que resplandece no serviço, muito mais que nas orações ou manifestações religiosas ruidosas.

No abrigo vivem e convivem muitas histórias, há lembranças e saudades, um pouco de futuro, alegria, testemunhos de vida de quem serve ao próximo, vários voluntários dedicados, freiras, leigos. Espaço amplo e arejado, asseado, digno; de tal maneira que se nota a mão com a cicatriz do prego, aspergindo uma bênção por sobre todos, invisível e salutar, benéfica e rica de graças.

Que o sinal de serviço que emana do Abrigo Cristo Redentor ilumine o coração de muitos homens e mulheres, e que essa história de uma caminhada de 70 anos, continue sempre mais alargando e aplainando o caminho dos que ainda vão chegar.

Paz e bem!

 

Assuero Gomes

Médico e escritor


 

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