PAZ
Há a paz dos
dormitórios, dos crematórios e dos cemitérios. Há a paz dos obedientes,
calados, dominados. A paz dos indolentes. A paz dos mosteiros do Tibet e de
Olinda. A paz das salas de aulas nas férias, dos parques de diversão após as
catástrofes, a paz de Hiroshima e Nagasaki após.
Há a paz entre
uma guerra e outra.
A paz
intransponível dentro de uma fortaleza ou de um castelo com fosso profundo e
ponte levadiça suspensa. Há a paz dos desertos claudicantes e a paz dos
descerebrados.
Qual a paz que
queremos?
A paz da milícia,
da população trancada. A paz do coração indiferente e da conta de banco confortável.
A paz do ‘shopping’ e do ‘alphaville’, da consciência inconsequente e do
isolamento perpétuo. A paz dos conformados.
Jesus vai nos
transmitir sua Paz: - A Paz esteja convosco!
A paz da solidão
profunda ou do anonimato, será paz? A paz do relativismo e do sono de
tranquilizantes. A paz contemplativa da abstração eterna...
Qual a Paz de
Jesus?
A Paz de Jesus é
a plenitude das necessidades contempladas.
Saúde, fartura,
água transbordante, alimentos em abundância, amenidade climática, fraternidade,
compaixão, segurança, cultura, moradia digna, vestuário decente, mobilidade,
cidadania plena, alegria, ternura, acolhimento, liberdade.
Essa paz, a de
Jesus, só a conseguiremos através da fraternidade, da justiça e da comunhão.
É a Paz que de
uma leva de escravos se constrói um povo e se erige uma nação. A Paz da
partilha.
Nada adianta
desejar a Paz de Cristo ao irmão que está com fome se não lhe saciarmos. Paz
para quem está preso injustamente não se leva apenas com palavras bonitas, mas
com a palavra da justiça, que liberta.
Paz para você e
para mim, com os pés no chão, o olhar para o irmão e a prece para o céu.
Paz, a Paz de
Cristo para todos.
Assuero Gomes
Médico e escritor
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