Cinquenta tons de serviço fraterno, cristão e iluminado de Vicente
João Pubben, 50 anos de sacerdócio
A cada sete anos a terra deve descansar. Comer-se-á dos
frutos e das espigas não plantadas que da terra brotar livremente. O arado deve
permanecer quieto, os escravos e empregados devem descansar. Assim como deus repousou
ao sétimo dia, assim deve a Terra descansar e tudo o que nela há. Será um ano
sabático, dedicado ao repouso e à renovação.
A cada sete de sete anos, ou seja quarenta e nove, deve se
preparar o ano de jubileu. Toda dívida deve ser perdoada, todo escravo
libertado, toda terra e habitação penhorada deve ser devolvida ao seu antigo
dono, e na Terra se proclamará um ano do Senhor.
Cinquenta é pois um número de júbilo, de alegria, de
libertação, de dever cumprido. O coração do homem e da mulher deve bater
tranquilo.
Homens dedicados ao Senhor são escolhidos do meio do povo para o serviço sacerdotal, como na casa
de Aarão, da família de Levi, que terão como herança uma décima parte de tudo
que foi produzido. Ao sacerdócio de Cristo, a que todos nós batizados somos
incorporados, será acrescido o cêntuplo e dentre os batizados alguns serão
chamados a exercer esse ofício mais dedicados ainda, são os sacerdotes cristãos
segundo a ordem de Melquisedec, rei de salém que recebia seus tributos em pão e
vinho.
Quando um sacerdote comtempla cinquenta anos de serviço,
toda a comunidade cristã do mundo se rejubila e mais ainda as comunidades à
qual esse sacerdote serviu. Para ser sincero e viver com a verdade esse
sacerdote vive sua conversão a cada dia numa constante penitência pascal.
Acorda penitente e dorme no Tabor.
Há dentre esse, sacerdotes especiais, de Cristo Jesus, com
um carisma especial, de servir ao Cristo desfigurado pela miséria na periferia
do mundo. Diria que é um sacerdote em Cristo segundo a ordem de Vicente de
Paulo.
Seguir e cuidar de Cristo no Tabor é agradável e bom aos
olhos. Cuidar de Cristo comendo lixo, bêbado e vagabundo, drogado e prostituído
é difícil, muito difícil. Sem uma ajuda especial do Espírito de Deus seria
impossível.
Um sacerdote desses, está completando e contemplando 50 anos
de serviço aos pobres. Saído quase menino de uma aprazível cidade, foi separado
dos seus e formado no espírito e na mente para o sacerdócio cristão, mas no
coração foi tomado de uma paixão insana, dessas que só os apaixonados conseguem
ser, pelo duro e cru carisma de Vicente e sua companheira Luísa.
Durante sua vida serviu e serve dignamente ao Cristo desses
que Vicente gosta, sem pompa, nem ostentação, sem proveito próprio nenhum,
muito pelo contrário; e agora vive seu jubileu, talvez um pouco distante na sua
bela terra natal, talvez mergulhado em saudades, talvez, talvez...mas uma
certeza de missão cumprida, com pés no chão e mãos calejadas.
Não bastasse, Deus lhe deu duas Luísas, irmãs prefiguradas
também no serviço fraterno, Priscila e Vanda. Sei que nosso sacerdote, João
Pubben, eterno dom de Dois Unidos, Passarinho e Alto da Esperança, companheiro
de D. Helder Camara, está sempre presente aqui na nossa caminhada, embora
distante como Paulo de suas comunidades fundantes.
Ao completar 50 anos de serviço sacerdotal completamos
também nós, todos que temos a sorte de sua amizade, todos que temos a alegria
de servir.
Assuero Gomes
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