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domingo, 1 de julho de 2012

O Partido dos Insetos


                                             




                                                                                                                        O Partido dos Insetos



Poderia se chamar “os insetos do partido”, mas por respeito aos insetos mantenho o título acima. Respeito digo, porque esses nossos irmãos menores, companheiros navegantes desta nave mãe, a Terra, não foram dotados pelo Criador da grande e misteriosa bênção (ou seria maldição?) da liberdade de escolha, e portanto são inimputáveis das consequências de seus atos.

A tentação, embora incorreta, de ler a natureza sob o prisma antropocêntrico, faz-me pensar em analogias, especialmente neste tempo propício, sobre o mundo dos insetos e o mundo dos humanos.

Vivendo política, comendo política, respirando política e expelindo política, sendo governados por políticos, pois somos animais políticos, mesmo quando dizemos que somos apolíticos. Vejamos, pois, as semelhanças e diferenças entre os insetos e os políticos.

Há insetos que são “intelectuais” e sobrevivem da cultura que outros produzem, pois, como as traças, se alimentam de letras, trechos, discursos e até de livros inteiros que outros escreveram. Outros há que mudam de cor se adaptando ao ambiente onde se encontram. Alguns são saprófitos como as moscas que vivem da carne de cadáveres em decomposição, e às vezes voam tão alto, que se tornam azuis.

As baratas, que são dignas do asco das mulheres principalmente, vivem em praticamente qualquer mundo subterrâneo, aparecendo de quando em quando, desde esgotos fétidos, caixas de gordura, fossas sanitárias, em cozinhas palacianas da nobreza, às festas dos presidentes e sua coorte.  Os gafanhotos invadem as plantações alheias e devoram o que os outros plantaram, mas são petiscos manipulados de aves vorazes. As abelhas são eficientes, porém têm um sistema ultraconservador de administrar, já as cigarras, que cantam, cantam, cantam e cantam mais, até morrer, alheias ao trabalho dos outros, tornando o sistema aparentemente mais feliz e eficaz.

Há no entanto um tipo de inseto, a Vespa Gigante, que é cruelmente perverso. Fonte de inspiração para o filme “Alien”, ela inocula seus ovos no ventre da vítima (geralmente uma lagarta ou aranha). O requinte é que, com os ovos injeta também pedaços de vírus que vão bloquear o sistema imunológico do hospedeiro. As larvas que vão nascer se alimentam das substâncias vivas do corpo da lagarta, elas então vão devorando partes não vitais preservando o equivalente ao cérebro e ao coração da infeliz, que serão apreciados por último. Nas tentativas de expulsão destes indesejáveis hospedeiros entre contrações terríveis, quando notado pela vespa mãe, esta inocula uma espécie de anestésico na cabeça da lagarta para que ela fique imóvel, mesmo sentindo dores. Desta maneira os filhotes da Vespa Gigante se desenvolvem e dominam todo o corpo que lhe serviu de alimento, deixando apenas a carcaça sem vida, ao final.

Alguns políticos e seus partidos são como os insetos, com o devido perdão dos insetos. Colocam seus pupilos (como ovos e larvas) em todos os níveis e sistemas da nação, brigam por cargos e comissões, fazem acordos à meia noite e à meia luz disputando desde os postos mais simples ao mais alto do país. Essas larvas vão se multiplicando e sugando a seiva e o corpo do país, mantendo-o vivo, para que o banquete seja mais suculento, esvaziando seu sistema de defesa e anestesiando as consciências.

Alguns políticos e seus partidos são como os insetos, com o devido perdão...



Assuero Gomes

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