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segunda-feira, 3 de julho de 2017

8 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 8




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8   Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife




Entrando na década de 90 D. Helder se postou calado, permanecendo em oração, escrevendo, recebendo amigos, vivendo definitivamente na Igreja das Fronteiras. Padre Arnaldo me disse que ele, o Dom, estava na fase de "Maria", ouvindo e guardando tudo em silêncio.
A decisão do Dom de continuar morando em Recife foi uma decisão iluminada. Sua presença na arquidiocese equilibrou a caminhada e se não fosse isso anoite que se seguiu teria sido insuportável.
Pe. Arnaldo logo na primeira e quiçá, única reunião do clero com o novo arcebispo, entrou em atrito com o mesmo, pelo seguinte: havia ainda em tempos de D. Helder questionamento sobre conduta de seminaristas no SERENE II (Seminário Regional do NE). Uma experiência fundamentada nos ensinamentos e diretrizes do Concílio Vaticano II. Os seminaristas moravam em grupos nas comunidades da periferia e se reunião durante a semana para discutir e refletir suas vivências e depois faziam retiro sob a coordenação de padres e professores. A base teológica vinha principalmente do ITER (Instituto Teológico do Recife). Pois bem, havia denúncias que seminaristas tinham experiências sexuais com as pessoas das comunidades, além de práticas homoafetivas, chegando a realizar desfile 'de moda' de biquíni no próprio Serene. Foram episódios raros e acidentais, mas o modelo ali experienciado gerou excelentes frutos. Os bispos que enviavam seus seminaristas para lá pediram intervenção e o Dom providenciou um supervisor vindo de São Paulo (Pe. Luiz) que em pouco tempo organizou e sanou a situação. Quanto ao Iter contava com a fina flor do intelecto teológico da nossa região e do Brasil. 
Estando as coisas bem encaminhadas Roma (ou seria seu braço brasileiro, a Nunciatura) questionou o então arcebispo sobre se mantinha ou não o SereneII, o qual respondeu que deveria ser fechado (2005). Retornando à reunião, o arcebispo ouvira um comentário por terceiros, que Pe. Arnaldo dissera que foi um equívoco se fechar o seminário. No decorrer da reunião o arcebispo soltou uma ironia dizendo que Pe. Arnaldo havia dito que ele não sabia da situação e fechara o SereneII. Pe. Arnaldo retrucou. D. José repetiu. Pe. Arnaldo retrucou. Quem o conhecia sabe muito bem que nunca foi homem de duas palavras nem de se curvar para ninguém.
O Iter era um centro formador também de leigos e de lideranças cristãs.
Em Boa Viagem a igreja nova já comportava algumas celebrações. Pe. Osvaldo chegando a idade entregou a paróquia deixando grande saudade em todos, principalmente nos jovens. Foi morar em um apartamento seu na Boa Vista juntamente com sua irmã. Passei a frequentar sua casa, mas esporadicamente, talvez de quinze em quinze dias. D. José pediu para que ele assumisse a Matriz da Boa Vista na vacância dos sacramentinos.
O grupo da rua do Imperador do Convento dos Franciscanos continuava sempre presente. O de Casa Forte também na sua pastoral familiar e fazendo um trabalho louvável na construção de uma creche para crianças carentes.
No Palácio dos Manguinhos um grupo de camponeses Sem Terra do Engenho Pitanga II, ou seria de um acampamento agrário, foram protestar e entraram no palácio, tendo acampado. O então arcebispo chamou a polícia e mandou evacuar.
Tempos depois foi a vez da Comissão Justiça e Paz, criada pelo Dom, ser destituída.
A noite finalmente chegou na Arquidiocese de Olinda e Recife.
Cristãos aturdidos viam a escuridão chegar e estavam como ovelhas sem pastor. E eu no meio...



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