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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

35 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 35




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35 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 35


As histórias de D. Helder são verdadeiras 'florezinhas' que se não são da Perúgia são de Fortaleza, de Olinda e Recife, do Rio, enfim, do Brasil.
Essas histórias já estão entrando nas cápsulas das lendas, o que as protegem do desgaste natural do tempo. Vou contando por aqui, pedindo licença aos historiadores (Biu Vicente) e os rigoristas da exatidão cartesiana. Permito-me à licença poética, pois pessoas como o Dom são profetas-poetas e admiram o Cavalinho Azul.
Das mais antigas que conheço está aquela que, sendo ainda padre novo em Fortaleza, foram se queixar ao bispo que ele estava dando a comunhão a jovens e senhoras que usavam manga curta. Interrogado o Dom saiu-se com essa: 'excelência o senhor deve ter razão, mas não posso dizer com certeza, pois quando estou dando a comunhão só olho para Nosso Senhor'. De outra feita, também em Fortaleza foram se queixar que ele estava dando comunhão a pessoas em pé (na época só se comungava ajoelhado). O Dom teria respondido: 'o senhor tem razão, a primeira pessoa a ser punida deve ser eu mesmo, pois só comungo em pé'.
Aqui, reclamavam muito com ele que vivia dando dinheiro aos pobres e mendigos, pois isso viciava, deixava preguiçosos, etc... o importante era ensinar a pescar e não dar o peixe e essas coisas todas. D. Helder sempre achou que quem está com fome não pode esperar. Ele acordava bem cedinho, escuro ainda, e pegava moedas e dinheiro e espalhava ela calçada ao redor das Fronteiras, sem que ninguém visse. Outra vez ficou sem conseguir dormir porque tinha um pobre morador de rua dormindo ao relento e ele foi acudir.
Uma outra vez, salvo engano, estava com Pe. Arnaldo e um pedinte pediu uma esmola. o Dom botou a mão no bolso da batina e pegou algumas cédulas e moedas e deu ao pedinte. Este ficou brabo dizendo que aquilo era uma miséria e que era muito pouco e jogou no chão. O padre ficou chateado com razão pelo desaforo. D. Helder se abaixou, pegou o dinheiro no chão e procurou no outro bolso e deu mais ao pobre desaforado e ainda disse ao padre 'realmente ele tinha razão, era muito pouco'.
Uma senhora vivia pedindo um retrato dele e ele não tinha. estando com o passaporte na mão, retirou a página do retrato e a deu a senhora. Isso fazia com as medalhas e condecorações que recebia.
Quando ganhou um prêmio internacional (creio que foi da França) e recebeu uma boa quantia de dinheiro, juntou seu conselho (Bosco, irmão de Pe. Edwaldo, era o ecônomo da Arquidiocese). D. Helder resolveu comprar um terreno para dividir com os pobres (uma espécie de Reforma Agrária). Bosco sugeriu que ele loteasse e vendesse a preço baixo os lotes e aí multiplicasse o dinheiro para que pudesse fazer outros eventos. O Dom foi contra. Vamos dividir por famílias e dar assistência a elas, tudo de graça. Bosco tentando ainda convencer o Dom disse: vamos então divulgar na imprensa que a Arquidiocese está utilizando assim o prêmio que o senhor recebeu. D. Helder disse: Bosco, o que a mão direita faz, que a esquerda não saiba. O loteamento foi batizado de Tururu, em Paulista, lá pelo lado do Janga, e as famílias estão até hoje. Assim era o Dom.
De outra feita, numa inauguração em Paulista, Pe. Renato (SCJ) presente, uma multidão e D. Helder no meio, começou a chover forte. Ofereceram um guarda-chuva para ele, ao que recusou dizendo 'tem para todo mundo?' Não. Agradeceu e ficou ensopado.
A comida era sempre muito pouca. Pouca mesmo. Muitos padres não gostavam muito de sair para comer com ele num restaurante (o que era raro) pois o Dom não pedia nada, beliscava a comida do outro e o pessoal comendo e ele tranquilo lá parado na mesa. Sobre isso, na Holanda, durante almoço com a rainha Beatrix da Holanda (Pe, João me corrija) ao servir a entrada, ele comeu um pouco e só. O restante de todo o jantar ele ficou sem nada comer. Chamou a atenção. E lá na Holanda mesmo, tinha muitos amigos e admiradores, foi jantar (ou almoçar) numa dessas casas e ao final o casal (muito rico) quis lhe oferecer um presente. Ele perguntou 'posso fazer o que quiser com o presente?' Claro, responderam. Deram ao Dom uma doação em dinheiro. Ele chamou os empregados da casa e cumprimentando-os um a um, dividiu o presente entre eles. Aliá, D. Helder fazia questão de cumprimentar afetuosamente cada funcionário ou empregado em todo lugar que ele ia.




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