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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

41 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 41


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41 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 41


Em 1999 realizamos a II Jornada Teológica, desta vez em diante chamada de D. Helder Camara.
Mais uma vez Frei Aluizio conseguiu o auditório da Fafire, na Conde da Boa Vista. Como da primeira vez foi um sucesso, tanto de público e principalmente de conteúdo. Ali a Igreja de Olinda e Recife reacendia sua luz. Foram em média mais de quinhentas pessoas por noite.
Eu havia começado a pensar nela um ano antes, desde o início da primeira. 
O nome de D. Helder abriu portas. Consegui patrocínio através do Frei, de João Pubben, Pe. Arnaldo, Pe. Renato do SCJ. 
D. Helder não pode comparecer por motivo de saúde já bem debilitado, mas Pe. João nos trouxe uma carta dele saudando a todos.
Muito trabalho para conseguir os palestrantes, pois a cada ano procurávamos superar o anterior. Minha ideia foi a de valorizar também a atração cultural pois uma coisa reforçava a outra, pensei em uma hora para cada e a palestra sem preguntas, mas fui vencido. Aos poucos o grupo foi diminuindo o tempo da apresentação e aumentando o das perguntas depois das palestras. Eu sempre temi a questão das perguntas após, pois na verdade as pessoas querem fazer outra palestra própria e aproveitar o holofote. Foi o que foi acontecendo e depois da palestra o auditório esvaziava e eu ficava constrangido de ter convidado pessoas ou grupos para apresentação cultural, que vinham com grande sacrifício, pois eram pessoas pobres na sua maioria e recebiam apenas um cachorro quente e um copo de refrigerante.
Leonardo Boff fez abertura falando sobre seu livro ícone Jesus Cristo Libertador, que muita gente pensava que dera início à teologia da Libertação, mas quem é o pai é Gustavo Gutierrez (ainda tentei trazê-lo por duas vezes, mas ele era cadeirante e com dificuldades de saúde, nunca veio).
A apresentação cultural foi da orquestra dos Meninos de São Caetano que vieram dessa cidade do interior com seus instrumentos, o maestro fundador e uma estudante de música (o maestro havia sofrido calúnias por represália política), lembro que teve alguém do nosso grupo que reclamou porque pagamos a gasolina do ônibus.
A segunda noite foi a vez de D. Gilio Felicio, um bispo negro, fundador do movimento dos agentes de pastorais dos negro e na época bispo auxiliar de Salvador na Bahia. Atualmente é bispo de Bagé. Um excelente pessoal, pastor de primeira ordem, o tema foi Teologia do Rosto Negro. e a apresentação foi um balé com a Missa Afro.
A terceira noite foi D. Waldyr Calheiros que atendeu um convite meu em nome de Pe. Arnaldo. Bispo de Volta Redonda, um cabra macho que enfrentou de peito aberto os militares daquela época em defesa dos trabalhadores. Dos bispos que conheci era o que falava de maneira mais aberta e numa linguagem bem simples.
A apresentação da noite que antecedeu a palestra foi o Quinteto de Cordas.
A quarta noite foi de Marcelo Barros com a palestra "Culturas em Comunhão Libertadora" e a atração cultural foi o Quinteto de Metais.
Para finalizar a II Jornada na sexta-feira, Frei Betto teve o tema "Fé, Política e Libertação" e a apresentação foi do Balé Perna de Pau. 
O espírito de D. Helder perpassou toda a Jornada, nas palestras, nas apresentações, no lançamento do livro Helder, o Dom, organizado por Zildo Rocha com artigos e reflexões de vários teólogos.
Ao final já estava pensando na próxima. Muito trabalho, muita inspiração e engajamento de todos. Foi a última com D. Helder entre nós... 








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