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42 Minhas memórias da Igreja de Olinda e Recife 42
Participava tanto de encontros de grupos da teologia da Libertação quanto de Oficinas de Oração, Renovação Carismática, Encontro de Casais com Cristo. Boas amizades em uma caminhada constante. Cito Tarso e Zeza, Raimundo e Emília, Leonardo e Guilhé, Fred e Vilma, Bravo e Taciana, Oreste e Ana, Otávio e Virgínia, Mauro e Jaciara, Toni e Flávia, Newdão e Cândida, Zimone e Socorro.
Logo após a II Jornada D. Helder faleceu.
Quando cheguei às Fronteiras já estava muita gente na igreja com o velório ao centro. Há pouco tempo procurei averiguar com testemunhas presenciais os últimos momentos do Dom aqui na Terra, pois cada um conta uma história diferente e sempre diz estar presente nessa hora. Vou transcrever o artigo:
“Hoje é 27 de agosto de 1999. Pe. Joãzinho
(João Pubben CM) acabou de sair para sua comunidade de Dois Unidos.
Esteve aqui comigo, como sempre, quase o dia todo. Irmã Catarina (Catarina
Damasceno FC) saiu para descansar. Pela manhã olhou para mim e eu olhei para
ela, demoradamente. Estou sem falar. Não aceitei alimento algum. Alguma dor no
abdômen que me incomoda. Ela disse a mim –Contou uma história não foi Dom? aí
eu respondi ‘ FOI’. Essa foi a última palavra que disse, na minha última manhã.
Agora é noite. Está tarde. Estou sereno. Minha cama foi colocada aqui na sala
da minha casa na sacristia da Igreja das Fronteiras. É uma cama larga, de
hospital. Quero dormir. Ao meu redor pessoas queridas, Zezita, minha cara
secretária de tantos momentos (Maria José Duperron Cavalcanti), as irmãs de
Caridade Maria José Dantas Coutinho, Leonete Custódio, Josefina Souza, Maria de
Fátima Nascimento, Lucimar Pereira, Maria Emília de Barros, o enfermeiro e
Gercino Rufino de França.
É noite e estou cansado. Irmã Josefina me pede
para lembrar junto ao Pai, da Congregação das Filhas de Caridade, das irmãs, de
todos. Como iria esquecer? Ah meus pobres, meu pobres. Catarina chega e está
pedindo para levantar um pouco a cama. Rezam um Pai Nosso. Agora é noite. Já é
22h e 19m.”
Quando D. Helder abriu os olhos foi no Dia pleno.
Aqui, na nossa madrugada, Pe. João voltou correndo
de Dois Unidos. Lucinha Moreira retornou apressadamente. Na Igreja da Sé em
Olinda, Gilvan tocou o sino e avisou as pessoas que acorreram para ouvir a
notícia ‘Dom Helder acaba de morrer’. Em seguida trouxe os paramentos que Paulo
VI havia presenteado ao Dom para vesti-lo. Pe. Edwaldo Gomes chegou primeiro às
Fronteiras, Pe. João Pubben em seguida e Pe. José Augusto Esteves. Mardônio
Camara e Maninha (Nair Camara) que foi trazida às pressas do Rio, onde morava,
haviam assinado um documento no qual expressavam formalmente o desejo de D.
Helder de ser enterrado no mesmo dia e da maneira mais simples. Quando ela
chegou pediu para ficar com o terço que estava na mão do Dom e que fora um
presente de João Paulo II e entregou o seu próprio para por no lugar.
Quando cheguei, logo cedo, uma verdadeira multidão
já estava na Igreja das Fronteiras e em toda a rua.
A missa foi celebrada por Jesus e presidida pelo
Núncio.
Aqui a madrugada continua.
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